domingo, 25 de março de 2012

RELIGIÕES ORIENTAIS E OCIDENTAIS

RELIGIÕES ORIENTAIS E OCIDENTAIS

Já houve muitas tentativas de classificar as religiões mundiais em Orientais e Ocidentais. Consideram-se ocidentais, o Judaísmo, o Islã e o Cristianismo, enquanto as principais religiões orientais são, oHinduísmo, o Budismo, o Taoísmo e o Xintoísmo.
Quanto ao Cristianismo, já foi motivo de algum estudo em pesquisa anterior; estabeleçamos agora as semelhanças e/ou diferenças entre as religiões orientais e as ocidentais.
Visão histórica
Oriental: visão cíclica da história, isto é, a história se repete num ciclo eterno e o mundo dura de eternidade em eternidade.
Ocidental: visão linear da história, isto é, tem um começo e um fim; o mundo foi criado num certo ponto e um dia irá terminar.
Conceito de Deus
Oriental: o divino está presente em tudo. Ele se manifesta em muitas divindades (panteísmo), ou como uma força impessoal que permeia a tudo e a todos (panteísmo)
Ocidental: Deus é o criador; Ele é Todo-Poderoso e é único. O monoteísmo é tipicamente ocidental.
Noção de humanidade
Oriental: o homem pode alcançar a união com o Divino, mediante a iluminação súbita e o conhecimento.
Ocidental: há um abismo entre Deus e o ser humano, entre o Criador e a criatura. O grande pecado, é o homem desejar se transformar em Deus, em vez de se sujeitar à vontade de Deus.
Salvação
Oriental: a salvação é se libertar do eterno ciclo da reencarnação da alma e do curso da ação. A graça vem por meio de atos de sacrifício ou do conhecimento místico.
Ocidental: Deus redime o ser humano do pecado, julga e dá a punição. Existe a noção de vida após a morte, no céu ou no inferno.
Ética
Oriental: os ideais são a passividade e a fuga do mundo.
Ocidental: o fiel é um instrumento da ação divina e deve obedecer à vontade de Deus, abandonando o pecado e a passividade diante do mal.
Culto
Oriental: meditação, sacrifício.
Ocidental: orar, pregar, louvar.

HINDUÍSMO

O Hinduísmo é uma religião da Índia, mas tem muitos adeptos também no Nepal, em Bangladesh e no Sri Lanka. Depois de muitos anos de domínio colonial britânico, em 1947 a Índia se tornou uma república independente; um Estado secular (não religioso), com uma constituição que garantia direitos iguais para todas denominações religiosas e proibia qualquer forma de discriminação baseada em religião, raça, casta ou sexo. Hoje cerca de 80% da população da Índia é hinduísta, 10% muçulmana e 4% cristã.
Embora o Budismo tenha se originado na Índia e sob esse aspecto possa ser considerado uma religião indiana, pouco resta do budismo na Índia de hoje; ele é mais difundido no Sri Lanka e no sudeste da Ásia, também tem uma longa e importante história na China, na Coréia e no Japão. Excluindo a China, estima-se que quase 200 milhões de pessoas professam a fé budista.
Outros países asiáticos dominados pelo Islã, são a Malásia e a Indonésia. Na Filipinas, país que permaneceu colônia espanhola até o final do século XIX, predomina o catolicismo romano (cerca de 80% da população).
O que é o Hinduísmo?
Diferentemente das outras religiões mundiais (budismo, cristianismo, Islã), o hinduísmo não tem fundador, nem credo fixo, nem organização de espécie alguma. Projeta-se como a religião eterna e se caracteriza por sua imensa diversidade e pela capacidade excepcional que vem demonstrando através da história, de abranger novos modos de pensamento e expressão religiosa.
As raízes do hinduísmo, podem ser encontradas em algum ponto, entre o ano de 1500 a.C. e 200 a.C, quando os chamados arianos (isto é os nobres) começaram a subjugar o vale do Indo. As crenças dessas pessoas tinham ligação com outras religiões indo-européias, como a grega, a romana e a germânica. Sabemos disso, pelos chamados hinos védicos (da palavra Veda, ou seja conhecimento), que eram recitados por sacerdotes durante os sacrifícios a seus muitos deuses. O Livro dos Vedas, consiste em quatro coletâneas, das quais certas partes datam de cerca de 1500 a.C.
A época conhecida como período védico tardio, de 1000 a.C. até 500 a.C., marcou uma virada crucial no desenvolvimento religioso da Índia. Importância especial tiveram os Upanishads, que até hoje são os textos hinduístas mais lidos. Foram escritos sob a forma de conversas entre mestre e discípulo, e introduzem a força espiritual essencial em que se baseia todo o universo. Todos os seres vivos nasceram do Brahman, vivem no Brahman e ao morrer retornam ao Brahman.
O hinduísmo moderno compreende uma grande variedade de idéias e formas de culto. Será que os hinduístas têm alguma coisa em comum? Uma boa definição seria: as castas, as vacas e o carma.
Todas as sociedades têm várias formas de distinção e estratificação em classes, mas é difícil encontrar um país onde isso tenha sido praticado tão sistematicamente quanto na Índia. Desde os tempos antigos, sempre houve quatro classes sociais (a palavra sânscrita empregada é varna, que significa cor) :
  • Sacerdotes (brâmanes)
  • Guerreiros
  • Agricultores, comerciantes e artesãos
  • Servos
Porém, à medida que a sociedade indiana se desenvolveu, as pessoas foram sendo divididas em novas castas. No início do século XX haviam em torno de 3 mil castas.
O termo usado para casta, na Índia, é jati, que significa nascimento ou tipo, e se associa à profissões especiais. Cada casta, tem suas próprias regras de conduta e de prática religiosa, que determinam com quem a pessoa pode casar, o que pode comer, à quem pode se associar e que trabalho pode realizar. Para um brâmane, tudo o que tem a ver com as coisas corporais ou materiais, é impuro. Se ele se tornou impuro como resultado do nascimento (resultado de envolvimento com casta inferior) da morte ou do sexo, há diversas maneiras pelas quais ele pode se purificar. O método tradicional mais conhecido de purificação utiliza a água de um dos muitos rios sagrados da Índia, como o Gânges.
A vaca é um animal sagrado na Índia e é adorada durante certas festas religiosas. Isso se relaciona com um antigo culto da fertilidade; nos Vedas, há hinos à vaca, pois ela supre tudo o que é necessário para sustentar a vida; a vaca se tornou um símbolo da vida e não é permitido matá-la.
Um conceito-chave na filosofia dos Upanishads é que o homem tem uma alma imortal. Ela não envelhece quando você envelhece, ela não morre, quando você morre. Um hinduísta acredita que, depois da morte de um indivíduo, sua alma renasce numa nova criatura vivente, podendo renascer numa casta mais alta ou mais baixa, ou pode passar a habitar um animal. Há uma ordem inexorável nesse ciclo que vai de uma existência à outra, é o Carma do homem, palavra sânscrita que significa ato, e se refere a pensamentos, palavras e sentimentos, não apenas em ações físicas. O Hinduísmo não reconhece nem aceita nenhum destino cego, a responsabilidade pelo tipo de vida é sempre do homem, pois ele colherá sempre o que semeou, e automaticamente a transmigração está sujeita à lei da causa e efeito.

BUDISMO

O fundador do Budismo, foi o filho de um rajá, Sidarta Gautama (560 - 480 a.C), que viveu no nordeste da Índia. Sobre sua vida há várias histórias, mais ou menos lendárias, mas os pontos de maior destaque são os seguintes:
Príncipe Sidarta
O Príncipe Sidarta, cresceu no seio da fortuna e do luxo. O rajá ouvira uma profecia de que seu filho, ou se tornaria um poderoso governante ou tomaria o caminho oposto e abandonaria o mundo por completo. Esta última opção aconteceria se lhe fosse permitido testemunhar as carências e o sofrimento do mundo. Para evitar que isso ocorresse, o rajá tentou proteger o filho contra o mundo que ficava além das muralhas do palácio, ao mesmo tempo que o cercava de delícias e diversões. Ainda jovem, Sidarta se casou com sua prima e mantinha também um harém de lindas dançarinas.
A Virada
Aos 29 anos, Sidarta experimentou algo que haveria de ser o ponto crucial de sua vida. Apesar da proibição do pai, ele se arriscou a sair do palácio e viu, pela primeira vez, um velho, um homem doente e um cadáver em decomposição. Entretanto depois dessas impressões desanimadoras, avistou um asceta com a expressão radiante de alegria. Percebeu então, que uma vida de riqueza e prazer é uma existência vazia e sem sentido. E se perguntou: haverá alguma coisa que transcenda a velhice, a doença e a morte? Sidarta também se sentiu tomado por uma grande compaixão pela humanidade, voltou ao palácio e na mesma noite, renunciou à sua agradável vida de príncipe. Sem se despedir, abandonou esposa e filho, e partiu para uma vida de andarilho.
A Iluminação
As narrativas relatam que Sidarta, depois de uma vida de abundância, passou para o extremo oposto: os exercícios ascéticos. Obrigou-se a comer cada vez menos, até que finalmente, segundo a lenda, conseguia sobreviver com um único grão de arroz por dia. Dessa maneira ele esperava dominar o sofrimento; mas nem os exercícios de ascetismo, nem a ioga lhe deram o que procurava. Assim, ele adotou ocaminho do meio, buscando a salvação por meio da meditação. E aos 35 anos, após seis anos de vida ascética, alcançou a iluminação (bodhi), enquanto estava sentado em meditação sob uma figueira, à margem de um afluente do rio Gânges. Sidarta agora se transforma num Buda, ou seja, um iluminado: alcançou a percepção de que todo o sofrimento do mundo é causado pelo desejo. É apenas suprimindo o desejo que podemos escapar de outras encarnações. No budismo isto se chama nirvana. Ele contemplou o mundo com um olhar de Buda e decidiu abrir o portão da eternidade para aqueles que o quisessem ouvir. O Buda decidira se tornar um guia dos seres humanos.
Benares, já naquela época era um centro religioso. Ali, Buda deu sua primeira palestra - o famoso Sermão de Benares, que contém os elementos mais importantes de seus ensinamentos. As rodas da instrução tinham sido postas em movimento.
Desde o início os seguidores de Buda se dividiram em dois grupos; os leigos e os monges, cada um com seus próprios deveres.
Para Buda, um ponto de partida óbvio é que o ser humano é regulado por uma série de renascimentos em que todas as ações têm conseqüências; o princípio propulsor por trás do ciclo nascimento-morte-renascimento, são os pensamentos do homem, suas palavras e seus atos (carma). Podemos sentir que nosso passado nos alcançou. É essa mesma idéia que percorre o Hinduísmo e o Budismo, onde vêm essa relação como algo estritamente regulado - e que se estende de uma vida à outra. O tipo de vida em que o indivíduo vai renascer, depende de suas ações em vidas anteriores; não existe destino cego, portanto é tão impossível ao ser humano fugir do seu carma, quanto escapar de sua própria sombra. Enquanto o ser humano tiver um carma a cumprir, ele estará fadado a renascer.
Com base na própria experiência, Buda acreditava que o homem deve evitar os extremos da vida. Não se deve viver, nem no prazer extravagante, nem na autonegação exagerada. Ambos os extremos acorrentam o homem ao mundo, e assim, à roda da vida, o caminho para dar fim ao sofrimento é o caminho do meio, e Buda o descreveu em oito partes:
  1. Perfeita compreensão
  2. Perfeita aspiração
  3. Perfeita fala
  4. Perfeita conduta
  5. Perfeito meio de subsistência
  6. Perfeito esforço
  7. Perfeita atenção
  8. Perfeita contemplação
Para a vida diária o Budismo tem cinco regras de conduta:
  1. Não fazer mal à nenhuma criatura viva
  2. Não tomar aquilo que não lhe foi dado (não roubar)
  3. Não se comportar de modo irresponsável nos prazeres sensuais
  4. Não falar falsidades
  5. Não se entorpecer com álcool ou drogas
Essas regras de conduta costumam ser chamadas de cinco mandamentos, porém o Budismo não reconhece nenhum ser superior capaz de dar ordens à humanidade sobre como viver. Assim as regras não dizem farás isso ou não farás aquilo, elas simplesmente são formuladas da seguinte maneira: Tentarei ensinar à mim mesmo a não fazer mal a nenhuma criatura viva e assim sucessivamente, nos outros quatro mandamentos.
Outras regras mais estritas
Alguns leigos se submetem a uma disciplina mais restrita, com o fito de apressar a sua iluminação seguindo as mesmas regras que se aplicam aos monges e monjas; neste caso as cinco regras passam a incluir, por exemplo, a abstinência sexual (celibato). Aí somam-se outras cinco regras: 
  • Não comer em horas proibidas (por exemplo, após o meio-dia)
  • Afastar-se de todos os divertimentos mundanos
  • Abdicar de todos os luxos (como jóias, perfumes, etc..)
  • Não dormir numa cama macia nem larga
  • Não aceitar nem possuir ouro, prata ou dinheiro

TAOÍSMO

O Taoísmo se baseia num livro chamado Tao Te Ching , o livro do Tao e do Te. Tao (ordem do mundo) e Te (força vital) são antigos conceitos chineses, aos quais Confúcio deu uma interpretação um pouco diferente.
O Tao Te Ching, é um livrinho de apenas 20 ou 25 páginas, dividido em 81 capítulos. Ninguém sabe ao certo quem o escreveu, mas diz a lenda que foi o filósofo Lao-Tsé, que viveu no século VI a.C., tendo sido mais ou menos contemporâneo de Confúcio. As histórias sobre a vida de Lao-Tsé são muitas e variadas, e os historiadores não têm certeza sequer se ele de fato existiu. Feita esta advertência, a seguir, vamos nos referir à Lao-Tsé como o autor do Tao Te Ching.
TAO - O Grande Princípio
Para Confúcio, o Tao era a suprema ordem do universo, que o homem tinha que seguir. Lao-Tsé, também concebia o Tao como a harmonia do mundo, especialmente do mundo natural. Só que ele foi mais além: o Tao é a verdadeira base da qual todas as coisas são criadas, ou da qual elas jorram. Várias vezes o Tao é descrito como o Céu, isto é, como algo divino, embora não seja um deus pessoal.
A diferença mais importante entre a concepção de Lao-Tsé sobre o Tao e as outras, é que Lao-Tsé acreditava ser impossível descrever o Tao de maneira direta e racional. O Tao que pode ser descrito, não é o Tao real, disse ele Isso significa que o homem não pode investigar ou estudar a verdadeira natureza do Tao, não pode usar o intelecto para compreendê-lo. Ele deve meditar, imerso numa tranqüilidade sem nexos e esquecer todos os seus pensamentos a respeito de coisas externas, como o lucro e o progresso na vida. Só então irá alcançar a união com o Tao e será preenchido pelo Te, a força vital.
O Taoísmo implica passividade e não atividade. Para um sábio taoísta, a ação mais importante é a não-ação. Isso obviamente tem uma grande influência em sua visão comunitária. Enquanto Confúcio desejava educar o homem por meio do conhecimento, Lao-Tsé preferia que as pessoas permanecessem ingênuas e simples, como crianças. Enquanto Confúcio ansiava por regras e sistemas fixos na política, Lao-Tsé acreditava que o homem deveria interferir o mínimo possível no desdobramento natural dos fatos. Confúcio queria uma administração bem ordenada, mas Lao-Tsé acreditava que qualquer administração é má. Quanto mais leis e mandamentos existirem, mais bandidos e ladrões haverá, diz o Tao Te Ching.
O líder, devia ser um filósofo, e sua única tarefa era que sua passividade e seu distanciamento servissem de exemplo para os outros.
A caridade ativa não faz sentido para um taoísta. Mas ele tem uma boa vontade sem limites com todos os outros, sejam eles bons ou maus.
Alguns discípulos de Lao-Tsé direcionaram o misticismo natural para aspectos mais mágicos. Foram esses elementos de magia que encontraram maior ressonância entre as massas, ao se incorporarem às crendices e feitiçarias de tempos antigos. Por exemplo, Lao-Tsé acreditava que quando um indivíduo permanece passivo, preserva sua força vital por longo tempo, mantendo-a saudável e pura. Mais tarde, algumas pessoas começaram a interpretar essa idéia como a possibilidade de alcançar uma longevidade cada vez maior, e passaram a se interessar em se tornar imortais. Filósofos taoístas, além de meditar, exercitavam práticas mágicas e tentavam descobrir o Elixir da Vida Eterna.
Lado a lado com o taoísmo filosófico, foi se desenvolvendo uma religião popular, baseada em Lao-Tsé, mas que também tinha seus próprios deuses, templos, sacerdotes e monges . Havia rituais complexos, em parte inspirados pela prática budista, com procissões, oferendas de alimentos aos deuses e cerimônias em honra dos vivos e dos mortos.

XINTOÍSMO

No Japão, a antiga religião nacional é o xintoísmo. A partir de 500 d.C., o xintoísmo enfrentou dura competição com o Budismo, e as duas religiões acabaram por influenciar uma à outra. Não é raro, no Japão, o uso alternado de várias religiões. Uma criança pode ser abençoada pelos deuses num ritual xintoísta e ser enterrada num ritual budista. O casamento pode se realizar numa igreja cristã. Essa mistura de religiões, encontrou expressão modernamente numa série de novas seitas, cultos e comunidades religiosas, o que levou o Japão moderno a ser chamado de Laboratório Religioso.
Diferentemente do Cristianismo e do Islã, o Xintoísmo não tem um fundador. É tipicamente uma religião nacional, que ao longo dos séculos adotou tradições de várias outras religiosidades. Ela não conta com nenhum credo ou código de ética expressamente formulado. A essência do xintoísmo são a cerimônia e o ritual, que mantêm contato Dom o divino.
Costuma-se dizer que o xintoísmo possui diversos milhões de deuses ou kamis, que se manifestam sob a forma de árvores, montanhas, rios animais e seres humanos. Só que a palavra kami também pode ser traduzida como espírito. O culto aos espíritos naturais e ancestrais sempre foi fundamental para o xintoísmo, desde os dias em que o Japão ainda era uma sociedade agrária. O culto aos antepassados se difundiu particularmente sob a influência do Confucionismo Chinês.
No princípio, segundo a mitologia japonesa, um casal divino, Izanagui e Izanami, desceu do céu e gerou as filhas japonesas, depois o resto do mundo e tudo que há nele, e por último uma série de deuses, os kamis. Destes, o mais importante era a deusa do sol, Amaterasu. Os outros kamis, se estabeleceram na terra e conceberam os primeiros seres humanos. Mas a sociedade humana precisava de ordem e comando, e por isso o neto de Amaterasu foi enviado à terra. Um de seus descendentes se tornou o primeiro imperador do Japão. Assim, todos os japoneses têm origem divina, mas em especial o imperador, que é descendente da própria deusa do sol.
Aos poucos foi ocorrendo uma mudança: em vez de adorar os kamis do falecido imperador, passou-se a adorar o próprio imperador. Ele era uma kami vivo.
A origem do culto ao imperador se explica , em parte, pelas condições políticas do século passado. O Japão estava ameaçado pelo expansionismo ocidental e sentiu a necessidade de reforçar no povo o caráter nacionalista. As mesmo tempo, a autoridade do imperador tinha sido solapada por líderes militares, os xoguns, que detinham o poder.
Em 1867, um golpe de Estado, deu ao imperador Meiji, o controle do país; ele iniciou então uma renovação política e religiosa. O xintoísmo, se tornou a religião estatal, ao passo que templos budistas foram derrubados e vários elementos budistas foram expurgados da cultura xintoísta.
A religião ficou então totalmente vinculada ao nacionalismo. Um exemplo: o xintoísmo era a ideologia dos pilotos suicidas japoneses (Kamikaze quer dizer vento divino). Cada soldado que morria nas guerras era imediatamente transformado num kami, e em sua honra se realizavam cerimônias nos templos xintoístas.
O culto é observado tanto no lar como nos templos, dos quais há cerca de 20 mil; Antes administrados pelo governo imperial, os templos são hoje organizados em associações, com líderes eleitos pelo voto.
O Templo xintoísta não é um local de pregações. É a morada de um kami, o lugar onde este é cultuado segundo certos rituais prescritos.
Originalmente, as cerimônias eram realizadas pelo chefe da família ou do clã; num nível mais alto da escala social, por um príncipe ou pelo próprio imperador. Esse sacerdócio hereditário foi abolido quando o imperador elevou o xintoísmo condição de religião estatal e transformou os sacerdotes, em funcionários públicos.
Hoje, os sacerdotes em tempo integral ou parcial são nomeados pela organização dos templos. A maioria deles é casada e tem também um emprego secular. Após a guerra, as mulheres passaram a ser elegíveis para o sacerdócio.
Bibliografia: 
O LIVRO DAS RELIGIÕES
Victor Hellern, Henry Notaker e Jostein Gaarder

sexta-feira, 23 de março de 2012

RELIGIÕES AFROBRASILEIRAS - SUPER INTERESSANTE









RELIGIÕES AFROBRASILEIRAS
São consideradas religiões afro-brasileiras, todas as religiões que tiveram origem nas Religiões tradicionais africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos negros africanos, na condição de escravos. Ou religiões que absorveram ou adotaram costumes e rituais africanos.
Religiões afro-brasileiras
Casa branca engenho velho.jpg

Religiões afro-brasileiras

Princípios Básicos
Deus Ketu | Olorum | Orixás
Jeje | Mawu | Vodun
Bantu | Nzambi | Nkisi

Templos afro-brasileiros
Babaçuê | Batuque | Cabula
Candomblé | Culto de Ifá
Culto aos Egungun | Macumba | Omoloko | Quimbanda | Tambor-de-Mina | Terecô | Umbanda
| Xambá | Xangô do Nordeste
Sincretismo | Confraria

Literatura afro-brasileira
Terminologia
Sacerdotes
Hierarquia

Religiões semelhantesReligiões Africanas Santeria Palo Arará Lukumí Regla de Ocha Abakuá Obeah


As religiões afro-brasileiras na maioria são relacionadas com a religião yorùbá e outras religiões tradicionais africanas, é uma parte das religiões afro-americanas e diferentes das religiões afro-cubanas como a Santeria de Cuba e o Vodou do Haiti pouco conhecidas no Brasil.

Batuque


Batuque é uma religião afro-brasileira de culto aos orixás encontrada principalmente no estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, de onde se estendeu para países vizinhos como Uruguai e Argentina. É fruto de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, como as nações Jeje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô.
Batuque Batuque1.jpeg Festa de Ibeji - Sociedade Beneficente Africana São Gerônimo - Porto Alegre RS
Religiões afro-brasileiras

Princípios Básicos
Deus
Ketu | Olorum | Orixás
Jeje | Mawu | Vodun
Bantu | Nzambi | Nkisi

Templos afro-brasileiros
Babaçuê | Batuque | Cabula
Candomblé | Culto de Ifá
Culto aos Egungun | Quimbanda
Macumba | Omoloko
Tambor-de-Mina | Terecô | Umbanda
Xambá | Xangô do Nordeste
Sincretismo | Confraria

Literatura afro-brasileira
Terminologia
Sacerdotes
Hierarquia

Religiões semelhantes
Religiões Africanas Santeria Palo Arará Lukumí Regla de Ocha Abakuá Obeah


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Índice

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Etimologia

A palavra "batuque" se originou do verbo "bater"[1], numa referência ao bater dos tambores típico das cerimônias da religião.

 História

A estruturação do batuque no estado do Rio Grande do Sul deu-se no início do século XIX, entre os anos de 1833 e 1859 (Correa, 1988 a:69). Tudo indica que os primeiros terreiros foram fundados na região de Rio Grande e Pelotas. Tem-se notícias, em jornais desta região, matérias sobre cultos de origem africana datadas de abril de 1878, (Jornal do Comércio, Pelotas). Já em Porto Alegre, as notícias relativas ao batuque datam da segunda metade do século XIX, quando ocorreu a migração de escravos e ex-escravos da região de Pelotas e Rio Grande para a capital. Lembrando sempre que a língua usada é a iorubá. Cabe enfatizar e esclarecer que o batuque não é um segmento do candomblé baiano, muito ao contrário, tendo liturgia e fundamentos próprios, nada semelhantes ao candomblé.
Os rituais do batuque seguem fundamentos, principalmente, das raízes da nação Ijexá, proveniente da Nigéria e dá lastro a outras nações como os jejes do Daomé, hoje Benim, Cabinda (enclave Angolano), Oyó e Nagô, da região da Nigéria.
O batuque surgiu como diversas religiões afro-brasileiras praticadas no Brasil. Tem as suas raízes na África, tendo sido criado e adaptado pelos negros no tempo da escravidão. Um dos principais representantes do batuque foi o Príncipe Custódio de Xapanã. O nome batuque era dado pelos brancos, sendo que os negros o chamavam de Pará. É da junção de todas estas nações que se originou esta cultura conhecida como batuque. Os nomes mais expressivos da antiguidade e de tempos atuais que, de uma maneira ou de outra, contribuíram para a continuidade dos rituais, foram:
Cantando para os Orixás
  • Nagô — Imbrain de Oyá (SERGS), Volni de Ogun, Enio Gonçalves de Ogun, Leda Feijó de Oxum, Norma Feijó de Xangô, João Pinho de Xangô, João Cunha de Xangô, Veleda de Bará Adague, Arminda de Xapanã, Vó Lúcia , Zé Coelho de Odé, Professor Lino Soares de Odé, Albertina de Bará, Vó Diva de Odé, Vô Lourenço de Odé, Gersom de Oxalá, Eurico de Olufonjàyé (I.A.N.O), entre outros.
  • Ijexá — Paulino de Oxalá Efan, Maria Antonia de Assis (Mãe Antonia de Bará), Manoel Matias (Pai Manoelzinho de Xapanã), Jovita de Xangô; Miguela do Bará, Pai Idalino de Ogum, Estela de Yemanjá, Ondina de Xapanã, Ormira de Xangô, Pedro de Yemanjá,Pai Tuia de Bará,Pai Tita de Xangô; Menicio Lemos da Yemanjá Zeca Pinheiro de Xapanã, Mãe Rita de Xangô Aganju,entre outros.
  • Oyó — Mãe Emília de Oyá Lajá, princesa Africana , Pai Donga da Yemanjá, Mãe Gratulina de xapanã, Mãe "Pequena" de Obá, Mãe Andrezza Ferreira da Silva, Pai Antoninho da Oxum, Nicola de Xangô, Mãe Moça de Oxum, Miguela de Xangô, Acimar de Xangô, Toninho de Xangô e Tim de Ogum, entre outros.
  • Jeje — Mãe Chininha de Xangô, Príncipe Custódio de Xapanã, João Correa de Lima (Joãozinho do Exú By) responsável pela expansão do Batuque no Uruguai e Argentina, Pai Betinho de Xapanã, Zé da Saia do Sobô, Loreno do Ogum, Nica do Bará, Alzira de Xangô, Pai Pirica de Xangô;Mãe Dada de Xangô; Leda de Xangô; Pai Tião de Bará; Pai Nelson de Xangô, Pai Vinícius de Oxalá entre outros.
  • Cabinda — Waldemar Antônio dos Santos de Xangô Kamuká(considerado Rei da nação de Cabinda); Maria Madalena Aurélio da Silva de Oxum, Palmira Torres de Oxum, Pai Henrique de Oxum, Pai Romário de Oxalá, Pai Gabriel da Oxum,Mãe Marlene de Oxum, Pai Cleon de Oxalá, Paulo Tadeu do Xângo Toqui,Pai Jango de Xapanã, Pai Mário da Oxum, Pai Nazário do Bara,Mãe Magda de oxum, Pai Alberto de Xango,Pai Adão de Bará, Pai Vilmar de Oxalá, Pai Luiz Carlos de Oxum, Pai Nilton de Oxum, Pai Carlos de Aganjú, Pai Enrique de Oxala (Uruguay) entre outros.

 Nações

  • Nação Oyo — se caracterizava principalmente pela ordem das rezas: primeiro, tocava-se para todos os orixás masculinos, depois para os femininos e finalizava-se com Oyá, Xangô e Oxalá (Oyá e Xangô no final, representando o rei e a rainha de Oyó) e dizem também que, ao final da cerimônia, os orixás carregavam a cabeça dos animais a eles sacrificados, já em estado de decomposição, na boca.
  • Cabinda[2] — Embora por muitos anos consideraram haver uma ligação com a cultura banto, ela não cultua nkisis (divindades banto), mas sim Orixás Yorùbá, os mesmos de todas as três raízes do Batuque Afrosul, com acréscimo de algumas divindades como o Bará (Bará Legba), Zina e a Oyá (Oyá Dirã, Oyá Timboá). O culto da Cabinda está ligada ao ritual do culto ao grande Aláàfìn Òyó, que por sua vez está ligada diretamente ao culto dos Eguns, sabendo que o ritual de Egun teve inicio em Oyo. É comum encontrar do lado de fora da maioria dos templos da raiz Cabinda o assentamento do Baru Aláàfìn, conhecido por Kamuká, que está ligado diretamente ao Igbalé (casa dos mortos). Desta forma é a única vertente do Batuque Afrosul que conseguem manter os rituais de Ìbòrì e feitura quando ocorre o procedimento de um Arissum (ritual fúnebre), ou, quando é necessário dar procedência à preparação de um Lailẹ̀mí (morto), criando assim uma forte ligação com os antepassados e os rituais à Oríxá, sem que misturem os dois, pois esta é uma religião voltada exclusivamente à Orixá.
A Cabinda é considerada uma Raíz da Nação Batuque Afrosul, pois contém fatores que determinam uma ramificação, porem faltam elementos que caracterize uma nova nação dentro da própria nação Afrosul.[3]
  • Nação Jeje — assim como a Cabinda, adotou o panteão iorubá dos orixás, que são os mesmos de Ijexá, sendo muito comum as casas de Jeje-Ijexá. Muitos sacerdotes da Nação Jeje do batuque desconhecem a palavra Vodun, embora se tenham relatos de culto a algumas destas divindades antigamente. Os descendentes de Pai Joãozinho do Bará (Esú By) são os que mantém firme as tradições desta nação, como o uso de agdavís em seus rituais (chamado "Jeje de pauzinhos"), o assentamento de Ogum semelhante ao do Vodun Gun no Daomé, e existência de pessoas iniciadas para Dan e Sogbo. As cerimônias se iniciam com a parte Jeje (com cânticos no dialeto fongbe) e a dança em pares (simbolizando o par da criação Mawu-Lisa) e o toque com as "varinhas" e, depois, a parte iorubá, com as rezas tradicionais do batuque.
  • Nação Nagô — é muito parecida com o candomblé tanto nas cerimônias como nas características dos Orixás. Nesta nação usa-se sacrificar os animais deitados e não suspensos como nas demais. Seu panteão é mais numeroso e sua liturgia e dogmas se diferencia das demais nações.

 Crenças

Filhos de santo
O batuque é uma religião baseada no culto às divindades Africanas, principalmente as Yorùbá, chamados de Orixá em sua maioria ligadas a natureza: rios, lagos, matas, mar, pedreiras, cachoeiras etc. Seus rituais que envolvem paramentos que estão em parte dentro dos terreiros, onde permanecem seus assentamentos [Igbá], onde são invocadas as vibrações de nossos orixás.
Todo ser humano nasce sob a influência de um orixá e, em sua vida, terá as vibrações e a proteção desse orixá ao qual está naturalmente vinculado e que rege seu destino. O orixá exige a dedicação de seu influenciado, sendo que este poderá ser um simples colaborador nos cultos, ou até mesmo se tornar um babalorixá ou ialorixá.
Há uma questão de ordem etimológica no termo "Pará": afirma-se ser este o outro nome pelo qual é conhecido o batuque. Sabe-se que todo frequentador de terreiros chama, na verdade, o peji ou quarto-de-santo de "Pará" e não o ritual sagrado dos orixás, este sim o batuque. Essa questão já está dimensionada desde os anos 1950, nas pesquisas etnográficas de Roger Bastide sobre a religião africana no Rio Grande do Sul. São consideradas Religiões afro-brasileiras, todas as religiões que tiveram origem nas Religiões tradicionais africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos escravos.
As religiões afro-brasileiras são relacionadas com a religião iorubá e outras religiões africanas e diferentes das religiões afro-caribenhas como a santeria e o vodu.

 Orixás

Roupas da cor dos orixás e fios de contas
O culto, no batuque, é feito exclusivamente aos orixás, sendo Bará (Exu) o primeiro a ser homenageado antes de qualquer outro, encontrando-se seu assentamento em todos os terreiros.
Os principais orixás cultuados no batuque são: Bará, Ogum, Oiá-Iansã, Xangô, Ibeji, Odé, Otim, Oba, Osanha, Xapanã, Oxum, Iemanjá, Oxalá e Orunmilá (ligado ao culto de Oxalá).
No batuque, os espíritos de sacerdotes são chamados de egungun e constituem uma categoria à parte, pois são espíritos de seres humanos e, portanto, estão ligados à estrutura da sociedade.

 Templos

No Rio Grande do Sul, a área de conservação das religiões africanas vai do litoral à fronteira com o Uruguai, com os dois grandes centros em Pelotas e Porto Alegre.
Festa batuque
No batuque, os templos terreiros são quase que em sua totalidade vinculados as casas de moradia. É destinado um cômodo, geralmente na parte da frente da construção onde são colocados os assentamentos dos orixás. Neste local, são feitos todos os fundamentos de imolações e trabalhos determinados e oferendas para os Orixás. O local é considerado sagrado, pessoas se vestem de preto, mulheres em dias de menstruação não entram. Junto a esta parte da casa, chamada de peji, há também o salão onde são realizadas as festas para os orixás.
O estado do Rio Grande do Sul foi o maior responsável pela exportação dos rituais africanos para outros países da América do Sul, entre eles Uruguai e Argentina, que também procuram seguir a maneira de cultuar os orixás. A construção dos templos segue a orientação de seus sacerdotes.
Todos os orixás são montados com ferramentas, Otás (pedras) etc. e permanecem dentro da mesma casa, com exceção dos Orixás de Rua, que tem seus assentamentos numa casa separada, ficando à frente do templo onde recebem suas oferendas e sacrifícios. A casa dos Eguns também tem lugar definido, é uma construção separada da casa principal, na parte dos fundos do terreiro, onde são feitos diversos rituais.
Em caso de falecimento do babalorixá ou ialorixá, o dono do terreiro, fica a critério da família o destino do templo. Geralmente, não havendo um familiar que possa suceder o morto, o templo é fechado. Na maioria dos casos, na morte de um sacerdote, todas as obrigações são despachadas num ritual específico chamado Sirrun, semelhante ao axexê do candomblé. Por este motivo, é muito difícil encontrar ilês (casas) com mais de 60 anos. São muito poucos os sacerdotes que destinam seus axés a um sucessor para dar prosseguimento à raiz.

[editar] Rituais

Oferendas para os Orixás
Os rituais são próprios e originais e, embora tenham alguma semelhança com o "Xangô de Pernambuco", são muito diferentes dos do candomblé da Bahia.
Os rituais de jeje têm suas rezas próprias (fon). Ainda se vê este belo ritual em dois grandes terreiros na cidade de Porto Alegre. As danças são executadas de par, um de frente para o outro. Há, também, muitas casas que seguem os fundamentos da nação Oyó, que se aproxima muito do ijexá, já que estas duas provém de regiões próximas na Nigéria.
A principal característica do ritual do batuque é o fato de o iniciado não poder saber, em hipótese alguma, que foi possuído pelo seu orixá, sob pena de ficar louco.
Cada babalorixá ou ialorixá tem autonomia na prática de seus rituais. Não existem nomenclaturas de cargos como há no candomblé. Os babalorixás exercem plenos poderes em seus ilês. Os filhos de santo se revezam nos cumprimentos das obrigações.
No mínimo uma vez por ano, são feitas homenagens com toques para os orixás, mas as festas grandes são de quatro em quatro anos. Chamamos de festa grande a obrigação que tem ebó, ou seja quando há sacrifícios de animais de quatro patas aos orixás: cabritos, cabras, carneiros, porcos, ovelhas, acompanhados de aves como galos, galinhas e pombos.
Esta obrigação serve para homenagear o orixá "dono da casa" e dos filhos que ainda não possuem seu próprio templo. A data é, geralmente, a mesma que aquele sacerdote teve assentado seu Orixá, a data de sua feitura. As festas têm um ciclo ritual longo, que, antigamente, duravam 32 dias de obrigações. Hoje, diante das dificuldades, duram no máximo 16. O começo de tudo são as limpezas de corpo e da casa, para descarregar totalmente o ambiente e as pessoas, de toda e qualquer negatividade; em seguida, são preparados as oferendas e sacrifícios ao Bará. A partir deste momento, os iniciados já ficam confinados ao templo, esquecendo então o cotidiano e passam a viver para os Orixás por inteiro até o final dos rituais. No dia do serão (dia da obrigação de matança), todos os orixás recebem sacrifícios de animais. Os cabritos e aves são preparados com diversos temperos e servidos a todos que participarem dos rituais, tudo é aproveitado, inclusive o couro dos animais, que sevem para fazer os tambores usados nos dias de toques.
No dia da festa, o salão é enfeitado com as cores dos orixás homenageados. A abertura se dá com a chamada invocação aos orixás, feita pelo sacerdote em frente ao peji (quarto de santo), usando a sineta (adjá), saudando todos os orixás. Ao som dos tambores, as pessoas formam uma roda de dança em louvor aos orixás, a cada um com coreografias especiais de acordo com suas características.
No final das cerimônias, são distribuídos os mercados (bandejas contendo todo tipo de culinária dos orixás, como: acarajé, axoxó (milho cozido e fatias de coco), farofa de aves, carnes de cabritos (cozidas ou assadas), frutas, fatias de bolos etc.). Alguns comem ali mesmo, outros levam para comer em casa.
Durante a semana, são feitos outros rituais de fundamentos para os orixás, inclusive a matança de peixe, que, para os batuqueiros, significa fartura e prosperidade. Os peixes oferecidos são da qualidade jundiá e pintado; estes são trazidos vivos do cais do porto ou do mercado público, onde o comércio de artigos religiosos é intenso.
No sábado seguinte, é feito o encerramento das obrigações, com mesa de Ibejes e toque novamente em homenagem aos orixás. Neste dia, são distribuídos mercados com iguarias e o peixe frito, significando a divisão da fartura e prosperidade com os participantes das homenagens aos orixás. Após o encerramento, o sacerdote leva os filhos que estavam de obrigações ao rio, à igreja, ao mercado público e à casa de alguns sacerdotes que fazem parte da família religiosa, para baterem cabeça em sinal de respeito e agradecimento; este passeio faz parte do cumprimento dos rituais. Após o passeio, todos estão liberados para seguirem normalmente o cotidiano de suas vidas.

 Egun

No batuque, também temos a parte dos rituais destinados ao culto dos Eguns. Este é um ritual cheio de magia e segredos onde poucos sacerdotes têm o completo domínio.
A casa dos Eguns (espíritos dos mortos) fica numa construção separada da casa principal, nos fundos do terreno, onde são feitos diversas obrigações em determinadas datas e quando morre alguém ligado ao terreiro; este local é denominado Igbalé.
Aos Eguns, também são oferecidos sacrifícios de animais e comidas diversas que fazem parte somente deste ritual, não podendo ser usados em outras ocasiões.
Os Eguns, assim como os Orixás, tem suas rezas (cânticos) próprias, feitos na linguagem yorubá, e em dias de obrigações recebem toques ao som de tambores frouxos e com o acompanhamento de agê (instrumento feito com uma cabaça inteira trançada com cordão e contas diversas).
Cada nação tem rituais diferentes para este tipo de obrigação.

 Sacerdócio

O babalorixá ou Iyalorixá tem a responsabilidade de formar novos sacerdotes, que darão continuidade aos rituais. Para isto é preciso preparar novos filhos de santo, que durante um certo período de tempo aprenderão todos os rituais para preservação dos cultos.
O sacerdote chefe deve passar aos futuros pais ou mães de santo, todos os segredos referente aos rituais, tais como: uso das folhas (folhas sagradas), execução de trabalhos e oferendas, interpretação do jogo de búzios, e até mesmo como preparar um novo sacerdote.
Geralmente o futuro sacerdote já nasce no meio religioso, onde conviverá acompanhando todos os diversos rituais que darão suporte a seus afazeres dentro do culto, e terá pleno conhecimento de todos os tipos de situações que enfrentará em seu futuro templo.
O tempo de aprendizado é longo, não se forma um verdadeiro sacerdote de orixás com menos de sete anos de feitura. Os ensinamentos são passados de acordo com a evolução da capacidade de aprendizado que o noviço tem. Os ensinamentos são feitos oralmente, não há livros para ensinar os rituais. A melhor maneira de aprender tudo é conviver desde cedo dentro dos terreiros.
A partir do momento que um noviço se torna um sacerdote de orixá, terá as mesmas responsabilidades daquele que lhe passou os ensinamentos.
Lembrando que, dentro da religião afro-brasileira, existem vários segmentos.

Culto de Ifá

Culto de Ifá Buzios antiq somb cor.jpg Opon Ifá - Arte de África
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Princípios Básicos
Deus
Ketu | Olorum | Orixás
Jeje | Mawu | Vodun
Bantu | Nzambi | Nkisi

Templos afro-brasileiros
Babaçuê | Batuque | Cabula
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Religiões Africanas Santeria Palo Arará Lukumí Regla de Ocha Abakuá Obeah

O Culto de Ifá é oriundo das Religiões tradicionais africanas, ligado ao Orixá Orunmilá-Ifá da religião yoruba. Com a ida destas culturas para Brasil e Caribe, nos períodos do tráfico negreiro, alguns sacerdotes (chamados babalawo (yoruba) e Bokono (ewe/fon).) foram levados para estes países, estando ligados às religiões Candomblé (Brasil) e Santeria através da Regla de Ocha (Cuba).
O culto de Ifá é um sistema divinatório, empregado na África e nos países para onde foi disseminado para decisões de cunho religioso ou social. Utiliza três técnicas diferentes (Opelê, Ikins e Merindilogun), que têm em comum os Odú-Ifá, os signos.
As mulheres também podem ser iniciadas no culto, quando passam a ser chamadas apetebis (esposas de Orunmilá), mas os sacerdotes - babalawôs - sempre são homens heterossexuais, sendo vedado às apetebis jogar Opelê ou Ikins. O Merindilogun é o jogo dos OBAORIATES sendo permitido as mulheres a usarem o EKURÓ. As pessoas ebomis que não são iniciadas em Ifá usam o OBANIKA.
O Culto de Ifá tem um rígido e complexo sistema de conduta moral relativo a seus adeptos, expresso no Odu Ikafun, onde surgem os dezesseis mandamentos de Ifá.
Os primeiros a escreverem sobre Ifá no Brasil[carece de fontes?], obras publicadas em português foram sacerdotes Umbandistas. W. W. da Matta e Silva, conhecido como Mestre Yapacani já descrevia em 1956 um dos inúmeros sistemas de Ifá em suas obras. Seus discípulos, Francisco Rivas Neto (Mestre Arapiaga) e Ivan H. Costa (Mestre Itaoman) escreveram, nos anos 90, obras descritivas sobre o oráculo.

Xangô do Nordeste

Xangô do Nordeste
Casa branca engenho velho.jpg
(mudar foto)
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Xangô do Nordeste também conhecido como Xangô do Recife, Xangô de Pernambuco ou Nagô Egbá.
Em todo o Nordeste da Paraíba à Bahia, a influência dos yorubas prevalece a do Daomé. Esta é a zona mais conhecida quanto às religiões tradicionais africanas, a que deu lugar a maior número de pesquisas e de trabalhos sobre os nagôs. As duas palavras para designá-las são, a de Xangô na Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, e de Candomblé da Bahia para o sul, esta dualidade de nomes, que não são nomes dados pelos negros, mas sim pelos brancos em virtude da popularidade e importância de Xangô nessa região, e Candomblé por designar toda dança dos negros, tanto profanas como religiosas.

Índice

 Pureza Nagô

Mundicarmo Ferretti em "Pureza nagô e nações africanas no Tambor de Mina do Maranhão" escreve: "Os terreiros de religião de origem africana mais identificados com a África geralmente constroem sua identidade tomando como referência o conceito de “nação”, que os vincula ao continente africano, à África negra, através de uma casa de culto aberta no Brasil por africanos antes da abolição da escravidão (“de raiz africana”). No campo religioso afro-brasileiro, os terreiros Nagô([nota 1][1]) mais antigos e tradicionais da Bahia foram considerados, tanto por pais-de-santo como por pesquisadores da área acadêmica, como mais puros ou autênticos e sua “nação” como mais preservada e/ou organizada. A partir do que foi convencionado na Bahia como “nagô puro”, têm sido avaliados terreiros nagô de outros estados das mais diversas denominações: Candomblé, Xangô, Mina, Batuque e outras. Analisando a questão da “pureza nagô”, Beatriz Góis Dantas (Dantas, 1988), apoiada em pesquisa realizada em Sergipe, mostra que, apesar da hegemonia do Candomblé nagô da Bahia na religião afro-brasileira, os indicadores de autenticidade africana ou “pureza nagô” adotados na Bahia nem sempre são os mesmos de outros estados e que traços muito valorizados no Candomblé da Bahia podem ser desvalorizados ou até rejeitados em terreiros de outras localidades."

 A quase extinção

Fernandes, Gonçalves - autor do livro Xangôs no Nordeste, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1937, também é autor do livro O Sincretismo Religioso no Brasil, São Paulo, Guairá, 1941, que fala sobre a noite de 1 de fevereiro de 1912 nas ruas da cidade de Maceió onde houve cenas de muita violência, com a invasão e destruição dos mais importantes terreiros de Xangô de Alagoas.
O Sítio de Pai Adão foi tombamento pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – FUNDARPE,[2] e todo o conhecimento foi transmitido sucessivamente a Obalonein, Fatemi e Oluandê, para que finalmente fossem passados em Belford Roxo a Osunaloji (Pai Milton), que zela pela conservação e manutenção dessa tradição recebida, no Ilê Axé Agawere Xapanan. Em seu ilê (casa), cujo orixá patrono é Iemanjá, as novas gerações de filhos de santo recebem dele todo esse rico arsenal de cultura afro-brasileira, com fundamento na nação Nagô-Egbá. Liderado hoje por Manuel Papai e Maria das Dores ja falecida, juntamente Pai Raminho de Oxossi que incentiva os desfiles de Maracatu no Carnaval do Recife.[3]
Fatemi que antes do seu falecimento, procurou de todas as formas um sucessor(a), logrando êxito apenas em uma de suas Omorisa de nomeOluandê. Sem esquecer de Yá Ciça de Yemanjá, já falecida, de Yá Talamuzango, também falecida. Essas pessoas, foram as responsáveis diretas pela manutenção dos ritos Nago Egba no Rio de Janeiro.
No Maranhão, a Casa Fanti Ashanti, em São Luís, nação Jeje-Nagô, babalorixá Euclides Menezes Ferreira (Talabian), (de Oxaguian c/Oxum) e Mãe Isabel de Xangô com Oxum. A raiz é do Sitio de Pai Adão, Nagô do Recife.
Em São Paulo, a iyalorixá Maria das Dores Talabideiyn deixou a seu filho Pai José Alabiy (José Gomes Barbosa), babalorixá do Ilê Axé Ajagunã Obá Olá Fadaká, a tradição Egbá, passada à sua filha Oya Dolu (Lorena de Santiago) iyalorixá do Ilê Axé Oya Tundê, juntamente com Baba Alajemi (Nilso Jorge Júnior), onde também se preservam os mais antigos fundamentos do Nago-Egba. Entre outros, destaca-se a iyalorixá Valdecir de Obaluaye que, sendo filha-de-santo de Osunalogi, traz consigo a tradição e cultura dessa grande raíz.
No Rio de Janeiro, a sacerdotisa nigeriana Adioê Bamgballa (Liberata Martins Rubião; contemporâneo de João Alabá e Assumano), trouxe para o Brasil os fetiches necessários para o culto aos Orixás, em especial Iemanjá; que passou à ser considerada a divindade patrona da nação; quando ele utiliza alguns fetiches retirados do rio Ogun onde Iemanjá é cultuada em Abeokutá, para assentar os Orixás de sua casa, após se desligar do Sitio do Pai Adão, onde fora iniciada; fundando assim a Raiz Bamgballa, que atualmente tem o Baba Beto de Bara, como seu principal representante e atual guardião da Iemanjá da Nação e zelador dos axés.

Notas

  1. O termo nagô é mais usado na região do nordeste onde se localizam os Xangôs e não muito usado para se referir aos candomblés da Bahia. Luís Felipe Rios, "Como o candomblé e o xangô são referidos como de modelo nagô, em termos das matrizes míticas africanas (as nações), no Recife – talvez para que não reste dúvidas das diferenças entre o nagô baiano e o nagô pernambucano – o termo nagô é utilizado apenas para o xangô e para o modelo baiano a denominação utilizada é o candomblé-de-nação"

Candomblé

Candomblé é uma religião derivada do animismo africano[1] onde se cultuam os orixás, Voduns, Nkisis dependendo da nação. Sendo de origem totêmica e familiar, é uma das religiões afro-brasileiras praticadas principalmente no Brasil, pelo chamado povo do santo, mas também em outros países como Uruguai, Argentina, Venezuela, Colômbia, Panamá, México, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha.
Cada nação africana tem como base o culto a um único orixá. A junção dos cultos é um fenômeno brasileiro em decorrência da importação de escravos onde, agrupados nas senzalas nomeavam um zelador de santo também conhecido como babalorixá no caso dos homens e iyalorixá no caso das mulheres.
A religião que tem por base a anima (alma) da Natureza, sendo portanto chamada de anímica, foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que foram escravizados e trazidos da África, juntamente com seus Orixás/Nkisis/Voduns, sua cultura, e seus idiomas, entre 1549 e 1888.
Diz Clarival do Prado Valladares em seu artigo «A Iconologia Africana no Brasil», na Revista Brasileira de Cultura (MEC e Conselho Federal de Cultura), ano I, Julho-Setembro 1999, p. 37, que o «surgimento dos candomblés com posse de terra na periferia das cidades e com agremiação de crentes e prática de calendário verifica-se incidentalmente em documentos e crônicas a partir do século XVIII». O autor considera difícil para «qualquer historiador descobrir documentos do período anterior diretamente relacionados à prática permitida, ou subreptícia, de rituais africanos». O documento mais remoto, segundo ele, seria de autoria de D. Frei Antônio de Guadalupe, Bispo visitador de Minas Gerais em 1726, divulgado nos «Mandamentos ou Capítulos da visita».
Embora confinado originalmente à população de negros escravizados, proibido pela igreja católica, e criminalizado mesmo por alguns governos, o candomblé prosperou nos quatro séculos, e expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. Estabeleceu-se com seguidores de várias classes sociais e dezenas de milhares de templos. Em levantamentos recentes, aproximadamente 3 milhões de brasileiros (1,5% da população total) declararam o candomblé como sua religião.[2] Na cidade de Salvador existem 2.230 terreiros registrados na Federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros e catalogados pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, (Universidade Federal da Bahia) Mapeamento dos Terreiros de Candomblé de Salvador.
Entretanto, na cultura brasileira as religiões não são vistas como mutuamente exclusivas, e muitas pessoas de outras crenças religiosas — até 70 milhões, de acordo com algumas organizações culturais Afro-Brasileiras — participam em rituais do candomblé, regularmente ou ocasionalmente.[3] Orixás do Candomblé, os rituais, e as festas são agora uma parte integrante da cultura e uma parte do folclore brasileiro.
O Candomblé não deve ser confundido com Umbanda, Macumba e/ou Omoloko, outras religiões afro-brasileiras com similar origem; e com religiões afro-americanas similares em outros países do Novo Mundo, como o Vodou haitiano, a Santeria cubana, e o Obeah, em Trinidade e Tobago, os Shangos (similar ao Tchamba[4][5] africano, Xambá e ao Xangô do Nordeste do Brasil) o Ourisha, de origem yoruba, os quais foram desenvolvidas independentemente do Candomblé e são virtualmente desconhecidos no Brasil.

 Nações

Barracão de Candomblé em Pernambuco - Foto Clodomir Oshagyian - Recife - Pernambuco.
Os negros escravizados no Brasil pertenciam a diversos grupos étnicos, incluindo os yoruba, os ewe, os fon, e os bantu. Como a religião se tornou semi-independente em regiões diferentes do país, entre grupos étnicos diferentes evoluíram diversas "divisões" ou nações, que se distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divindades veneradas, o atabaque (música) e a língua sagrada usada nos rituais.
A lista seguinte é uma classificação pouco rigorosa das principais nações e sub-nações, de suas regiões de origem, e de suas línguas sagradas:

[editar] Crenças

Adeptos do Candomblé
(foto: Elza Fiúza/ABr).
Candomblé é uma religião "monoteísta",[7][8] embora alguns defendam a ideia que são cultuados vários deuses, o deus único para a Nação Ketu[9] é Olorum, para a Nação Bantu[10] é Nzambi e para a Nação Jeje é Mawu, são nações independentes na prática diária e em virtude do sincretismo existente no Brasil a maioria dos participantes consideram como sendo o mesmo Deus da Igreja Católica.
Os Orixás/Inquices/Voduns recebem homenagens regulares, com oferendas de animais, vegetais e minerais, cânticos, danças e roupas especiais. Mesmo quando há na mitologia referência a uma divindade criadora, essa divindade tem muita importância no dia-a-dia dos membros do terreiro, mas não são cultuados em templo exclusivo, é louvado em todos os preceitos e muitas vezes é confundido com o Deus cristão.
O Candomblé cultua, entre todas as nações, umas cinquenta das centenas deidades ainda cultuadas na África. Mas, na maioria dos terreiros das grandes cidades, são doze as mais cultuadas. O que acontece é que algumas divindades têm "qualidades", que podem ser cultuadas como um diferente Orixá/Inquice/Vodun em um ou outro terreiro. Então, a lista de divindades das diferentes nações é grande, e muitos Orixás do Ketu podem ser "identificados" com os Voduns do Jejé e Inquices dos Bantu em suas características, mas na realidade não são os mesmos; seus cultos, rituais e toques são totalmente diferentes.
Orixás têm individuais personalidades, habilidades e preferências rituais, e são conectados ao fenômeno natural específico (um conceito não muito diferente do Kami do japonês Xintoísmo). Toda pessoa é escolhida no nascimento por um ou vários "patronos" Orixás, que um babalorixá identificará. Alguns Orixás são "incorporados" por pessoas iniciadas durante o ritual do candomblé, outros Orixás não, apenas são cultuados em árvores pela coletividade. Alguns Orixás chamados Funfun (branco), que fizeram parte da criação do mundo, também não são incorporados.
Acreditam na vida após a morte, e que os espíritos dos babalorixás falecidos possam materializar-se em roupas específicas, são chamados de babá Egum ou Egungun e são cultuados em roças dirigidas só por homens no Culto aos Egungun, os espíritos das iyalorixás falecidas são cultuados coletivamente Iyami-Ajé nas sociedades secretas Gelede, ambos cultos são feitos em casas independentes das de candomblé que também se cultuam os eguns em casas separadas dos Orixás.
Acreditam que algumas crianças nascem com a predestinação de morrer cedo são os chamados abikus (nascidos para morrer) que podem ser de dois tipos, os que morrem logo ao nascer ou ainda criança e os que morrem antes dos pais em datas comemorativas, como aniversário, casamento, e outras.

[] Sincretismo

No tempo das senzalas os negros para poderem cultuar seus orixás, nkisis e voduns usaram como camuflagem um altar com imagens de santos católicos e por baixo os assentamentos escondidos, segundo alguns pesquisadores este sincretismo já havia começado na África, induzida pelos próprios missionários para facilitar a conversão.
Depois da libertação dos escravos começaram a surgir as primeiras casas de candomblé, e é fato que o candomblé de séculos tenha incorporado muitos elementos do cristianismo. Imagens e crucifixos eram exibidos nos templos, orixás eram frequentemente identificados com santos católicos, algumas casas de candomblé também incorporam entidades caboclos, que eram consideradas pagans como os orixás.
Mesmo usando imagens e crucifixos inspiravam perseguições por autoridades e pela Igreja, que viam o candomblé como paganismo e bruxaria, muitos mesmo não sabendo o que era isso.
Nos últimos anos, tem aumentado um movimento em algumas casas de candomblé que rejeitam o sincretismo aos elementos cristãos e procuram recriar um candomblé "mais puro" baseado exclusivamente nos elementos africanos.[14]

[Templos

Ilê Axé Opó Afonjá.
Os Templos de candomblé são chamados de casas, roças ou Terreiros.
As casas podem ser de linhagem matriarcal, patriarcal ou mista:
  • Casas pequenas, que são independentes, possuídas e administradas pelo babalorixá ou iyalorixá dono da casa e pelo Orixá principal respectivamente. Em caso de falecimento do dono, a sucessão na maioria das vezes é feita por parentes consanguineos, caso não tenha um sucessor interessado em continuar a casa é desativada. Não há nenhuma administração central.
  • Casas grandes, que são organizadas tem uma hierarquia rígida, não é de propriedade do sacerdote, nem toda casa grande é tradicional, é uma Sociedade Civil ou Beneficente.
A lei federal nº. 6.292 de 15 de dezembro de 1975 protege os terreiros de candomblé no Brasil, contra qualquer tipo de alteração de sua formação material ou imaterial. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Instituto Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) são os responsáveis pelo tombamento das casas.
A progressão na hierarquia é condicionada ao aprendizado e ao desempenho dos rituais longos da iniciação. Em caso de morte de uma iyalorixá, a sucessora é escolhida, geralmente entre suas filhas, na maioria das vezes por meio de um jogo divinatório Opele-Ifa ou jogo de búzios. Entretanto a sucessão pode ser disputada ou pode não encontrar um sucessor, e conduz frequentemente a rachar ou ao fechamento da casa. Há somente três ou quatro casas em Brasil que viram seu 100° aniversário.

 Hierarquia

No Brasil, existe uma divisão nos cultos: Ifá, Egungun, Orixá, Vodun e Nkisi, são separados por tipo de iniciação ao sacerdócio.
  • Culto de Ifá participam tanto homens quanto mulheres, sendo um Culto patriarcal conduzido pelos Babalawos.
  • Culto aos Egungun participam tanto homens quanto mulheres, sendo Culto patriarcal que lida diretamente com a ancestralidade, conduzidos pelos Ojés.
  • Candomblé Ketu participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens (Babalorixás) quanto por mulheres (Iyalorixás), entram em transe com Orixá.
  • Candomblé Jeje participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens quanto por mulheres Vodunsis, entram em transe com Vodun.
  • Candomblé Bantu participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens quanto por mulheres inicia Muzenzas, entram em transe com Nkisi.

Sacerdócio

Nas religiões Afro-brasileiras o sacerdócio é dividido em:

Tambor de Mina

Tambor-de-Mina
Casa branca engenho velho.jpg
(mudar foto)
Religiões afro-brasileiras

Princípios Básicos
Deus
Ketu | Olorum | Orixás
Jeje | Mawu | Vodun
Bantu | Nzambi | Nkisi

Templos afro-brasileiros
Babaçuê | Batuque | Cabula
Candomblé | Culto de Ifá
Culto aos Egungun | Quimbanda
Macumba | Omoloko
Tambor de Mina | Terecô | Umbanda
Xambá | Xangô do Nordeste
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Tambor de Mina é a denominação mais difundida das religiões Afro-brasileiras no Maranhão, Piauí e na Amazônia. A palavra tambor deriva da importância do instrumento nos rituais de culto. Mina deriva de negro-Mina de São Jorge da Mina, denominação dada aos escravos procedentes da “costa situada a leste do Castelo de São Jorge da Mina” (Verger, 1987: 12) , no atual República do Gana, trazidos da região das hoje Repúblicas do Togo, Benin e da Nigéria, que eram conhecidos principalmente como negros mina-jejes e mina-nagôs.
O Maranhão foi importante núcleo atração de mão de obra africana, sobretudo durante o último século do tráfico de escravos para o Brasil (1750-1850), e que se concentrou na Capital, no Vale do Itapecuru e na Baixada Maranhense, regiões onde havia grandes plantações de algodão e cana-de-açúcar, que contribuíram para tornar São Luís e Alcântara cidades famosas entre outros aspectos, pela grandiosidade dos sobradões coloniais, construídos com mão de obra escrava e pela harmonia, beleza e coreografia das musicas de origem africana.
Como as demais religiões de origem africana no Brasil (Candomblé, Umbanda, Xangô, Xambá, Batuque, Toré, Jarê e outras), o tambor de mina se caracteriza por ser religião iniciática e de transe ou possessão. No tambor de mina mais tradicional a iniciação é demorada, não havendo cerimônias públicas de saída, sendo realizada com grande discrição no recinto dos terreiros e poucas pessoas recebem os graus mais elevados ou a iniciação completa.
A discrição no transe e no comportamento em geral é uma características marcante do tambor de mina, considerado por muitos como uma maçonaria de negros, pois apresenta características de sociedades secretas. Nos recintos mais sagrados do culto (peji em nagô, ou côme em jeje), penetram apenas os iniciados mais graduados.
O transe no tambor de mina é muito discreto e as vezes percebível apenas por pequenos detalhes da vestimenta. Em muitas casas, no início do transe, a entidade dá muitas voltas ao redor de si mesmo, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, talvez para firmar o transe, numa dança de bonito efeito visual. Normalmente a pessoa quando entra em transe recebe um símbolo, como uma toalha branca amarrada na cintura ou um lenço, denominado pana, enrolado na mão ou no braço.
No Tambor de Mina cerca de noventa por cento dos participantes do culto são do sexo feminino e por isso, alguns falam num matriarcado nesta religião. Os homens desempenham principalmente a função de tocadores de tambores, isto é, abatás, daí a definição abatazeiros, também se encarregam de certas atividades do culto, como matança de animais de 4 patas e do transporte de certas obrigações para o local em que devem ser depositados. Algumas casas são dirigidas por homens e possuem maior presença de homens, que podem ser encontrados inclusive na roda de dançantes.
Existem dois modelos principais de tambor de mina no Maranhão: mina jeje e mina nagô. O primeiro parece ser o mais antigo e se estabeleceu em torno da Casa grande das Minas Jeje (Querebentan de Zomadônu), o terreiro mais antigo, que deve ter sido fundado em São Luís na década de 1840. O outro, que lhe é quase contemporâneo e que também se continua até hoje é o da Casa de Nagô, localizada no mesmo bairro (São Pantaleão) a uma quadra de distância.
A Casa das Minas é única, não possui casas que lhe sejam filiadas, daí porque nenhuma outra siga completamente seu estilo. Nesta casa os cânticos são em língua jeje (Ewê-Fon) e só se recebem divindades denominadas de voduns, mas apesar dela não ter casas filiadas, o modelo do culto do Tambor de Mina é grandemente influenciado pela Casa das Minas.

Nos terreiros de Tambor de Mina é comum a realização de festas e folguedos da cultura popular maranhense que as vezes são solicitadas por entidades espirituais que gostam delas, como a do Festa do Divino Espírito Santo, o Bumba-meu-boi, o Tambor de Crioula e outras. É comum também outros grupos que organizam tais atividades irem dançar nos terreiros de mina para homenagear o dono da casa, as vodunsis e para pedir proteção às entidades espirituais para suas brincadeiras. Sérgio Ferretti: "No Tambor de mina do Maranhão pouco se fala em Oxum, Oiá e Obá, conhecidas nos terreiros influenciados pelo candomblé. Os orixás e voduns se agrupam em famílias ou panteões."

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 Encantaria

Muito comum no Maranhão, Piauí e na Amazônia, a Encantaria é um culto associado ao Tambor de Mina, estando ausente apenas na Casa das Minas.

 Casas de Culto em São Luís

Casa das Minas ou Querebentã de Toy Zomadonu - fundada em meados do século XIX, e segundo Pierre Verger, por Nã Agotimé, da família real de Abomey, esposa do rei Agonglô, mãe do rei Guezô do Daomé, trazida como escrava para o Brasil, e aqui conhecida pelo nome de Maria Jesuína. A casa dedica-se ao culto jeje dos voduns, que estão organizados por famílias, a saber: Davice que é a principal, hospedando as demais: Dambirá (Damballah), Quevioçô (Heviossô), Aladanu e Savalunu. É considerada a mais antiga casa de tambor de mina no Maranhão, localizada à rua de São Pantaleão, no centro histórico de São Luís.
Casa de Nagô (Nagon Abioton) - fundada por africanos de tradição yourubá, mais precisamente, de Abeokuta, deu origem a outros terreiros de São Luís, em que são recebidas entidades africanas jeje-nagôs ou (iorubás): Doçu, Averequete, Ewá, Aziri, Acóssi, Sakpatá, Nanã Buruku, Xapanã, Ogum, Xangô, Badé, Locô, Iemanjá (Abê), Lissá, Naeté, Sogbô, Avó Missã dentre outros; gentis de origem européia ou caboclas de origem nativa: Dom Luís Rei de França, Dom João, Dom Floriano, Dom Sebastião, Toy Zezinho de Amaramadã, Rei da Turquia, S. Ricardino, S. Caboclo Velho, Princesa D’Ôro, S. Guerreiro, D. Mariana, S. Légua Boji, S. João da Mata e muitos outros. Segundo relatos, foi fundada à época de D. Pedro II por malungos africanos "de Nação", ajudados pela fundadora da Casa das Minas. Localizada na Rua Cândido Ribeiro no centro histórico de São Luís, a Casa de Nagô é considerada irmã da Casa das Minas, que juntamente com esta influenciou os demais terreiros de São Luís.
Outros dois terreiros antigos merecem ser lembrados: o Terreiro do Egito (Ilê Axé Niamê) e o Terreiro da Turquia (Ilê Nifé Olorum) (já extintos) que originaram vários outros terreiros, com destaque para a Casa Fanti Ashanti, de Pai Euclides Ferreira sendo a única com espaço dedicado ao candomblé; Casa de Iemanjá (Ylê Ashé Yemowa), de Jorge Itaci (falecido em 2003); Terreiro Fé em Deus, de mãe Elzita. Merece destaque o Ylê Axé de Otá Olé (Terreiro de Mina Pedra de Encantaria, de Pai José Itaparandi. Alguns terreiros dedicam-se ao Tambor de Mina, mas também a algumas sessões de Umbanda, como por exemplo, o Terreiro de Pai Oxalá e Mamãe Oxum de Pai Joãozinho da Vila Nova.
No Maranhão, especificamente, em São Luís, há uma diversidade de terreiros, até hoje não catalogados. Além disso muitas casas funcionam precariamente principalmente por dificuldades financeiras. Acredita-se que existem mais de 200 terreiros espalhados na capital definindo-se como Mina, Umbanda ou Mata (Encantaria de Barba Soeira). Em Codó, a "Meca" do Terecô, os terreiros são também numerosos, sendo mais conhecido a "Tenda Espírita de Umbanda Rainha de Iemanjá", de Bita do Barão. Existem terreiros de mina chefiados por pais e mães de santo, feitos no Maranhão, ou de origem maranhense, no Piauí, Pará, Amazonas, e em São Paulo, como por exemplo a Casa das Minas Thoya Jarina[1], fundada por Toy Vodunnon Francelino de Shapanan, dirigida por Mãe Sandra. ‎

Cânticos em Jeje-fon/Iorubá-nagô e outras Doutrinas

De abertura:
Imarabô é mojubára
Egba e koshé
Omodê boji koi abô abô é mojubá
Legba Eshu Lonã
Outro:
Ô mina telê telê
Imassaila taió taió
Secila é malajokê
Boboromina saíla vodum
Eko Abê eko agá
Eko omodê ô, eko omodê ô, kirielé omodê ô
Para Xangô:
Faraê faraê aê
Shangô numa velê, kabê!
Éde mariolê, é demariolá, okê
Orisá, ori Shangô, kié meó keshé keshé
Ora missã orubajô
Kabê kabecile
Éde pá epá êp êp!
Faraê...
Outro:
Kaô anana irê kaô! Agongon jelé
Shangô alodô, agô irô misselé
Para Averequete:
Verequetinho é sualá
Euá mandô sualá
Verequetinho, verequetinho...
Outra:
Averequete na c'roa de lôro, avuô pombo d'ôro ô pombo do ar
Averequete na c'roa de lôro, pombo d'ôro ô pombo do ar
Outra:
Ô maizá, maizá ôi zará, Verequete é do maizá
Ô maizá, maizá ôi zará, Verequete é do maizá
Para Toy Zezinho:
Ele é guma, ele é mailô
Ele é guma, ele é mailô
Toy Zezinho ele é mailô
Outro:
Toy Amaramadã, Toy Amaramadã, Zezinho!
Toy Amaramadã, Zezinho!Toy Amaramadã, Zezinho!
Para os voduns jejes:
O piná piná pina na basila mato sanje
Erunkó Bossukó girijó erun Dã Daomé
O pina pina pina na bacila mato sanje
Bo bossokó girijó erun Dã Danumé
Para Badé:
Badé Zoro di mapá
Badé zoro di mapá
Ele é zoro, zoro
Zoro di mapá
Para Yemanjá/Abê:
Édelá, ède manjá
Agbê Sesila olodô
Édelá, ède manjá
Agá Sesila olodô
Para Ogum:
Kwê kêro mimalá , Kwê kêro mimalá, Kwe kero mimalá
Kwê kêro Ogum ô
Para Ogum:
Okê Okê otobi odé, ai céu céu Ogum ô
Fala maré kwê, Fala maré kwê, Ogum abá é Ogum ô, Ogum abá Ogum ô
Kwê kê Ogum, kwê kwê
Kwê kê Ogum, kwê kwê
Para Euá:
Euá mandou salvar, Euá madou salvar
Ela mesmo era quem vinha, Euá mandou salvar!
Outro:
Euá ô kié é, Euá ô kié é
Orixá eu quero guia!
Euá ô kié é, Euá ô kié é
Orixá eu quero guia!
Outro:
Euá, Euá da mina bobossa Euá
Euá, Euá, Euá
Da mina tobossa Euá
Para Lissá/Oxalá:
Jan da maramadã aê, jan da maramadã aê
O Badé Abacossu, naveó Messan Oruarina
Erun obatá ô Lissá sideô avereço
Jan da maramadã Lissá, jan da maramadá Lepá
Para o Vodum Dã/Dan:
Ei Dan, Ei Dan, Ei Dan!
É um Vodun So na Mina de Dan, Aê Dan
Ei Dan, Ei Dan, Ei Dan!
É um Vodun So na Mina de Dan, Aê Dan
Outro:
Han-han gibê, Hê un Dangibê
É kpa hunkó, vodum maió danumé
Han-hangibê, Hê un Dangibê
É un tohuió, vodum maió danumé
Para Maria Barbara ou Barba Soeira
Raiou Mamãe Barba, raiou Maria Bárbara
Raiou Mamãe Barba, raiou Maria Bárbara
Anaicô, anaicô! hoje é dia de folgar, senhor!
Ô Santa Bárbara lançou pedra no mar
Anaicô, anaicô! hoje é dia de folgar, senhor!
Ô Santa Bárbara lançou pedra no mar
Outro
Ô lá vem Barba nas ondas do mar
Ô Barba vem rolando é no rolo do mar
Outro
Minha divina Santa Barba, ô venha ver seu mundo
Ô mar, ô céu, ô venha ver seu mundo
Para a Princesa Oriana
Oriana das ondas do mar, Oriana das ondas do mar
Oruana é a flor do mar, Oruana é a flor do mar
Outro
ô mike éle, O mike éle, ô mike éle anaicô!
Boboromina chegô agora
Oruana das ondas do mar, Oruana das ondas do mar
Para D. Luís Rei de França:
Venceu Brasil, Venceu Brasil, Venceu Brasil
Ganhou aliança
D. Luís é Rei, D. Luís é Rei de França!
Para D. José Floriano:
Ele é o Rei do Mar ancião! Ele é o Rei do Mar ancião!
Ô vem cavalgando seu cavalo no passar do Boqueirão
Para S. Légua Boji
A família de Légua está toda na eira
Ô bebendo cachaça,ô quebrando barreira
A família de Légua está toda na eira
Ô bebendo cachaça,ô quebrando barreira
Outro:
Seu Légua tem doze bois na Ilha do Maranhão
Vou levar minha boiada, da mata pro sertão
Boi, boi, boi! Tire as tamancas do boi S. Légua
Outro:
Meu pai é Légua Boji, eu sou Boji Buá
É mar, é ceu, é ceu é mar!
Outro: ' Foi lá no Oriente
No Oriente uma Estrela Brilhou
Foi lá no Codó, que a familia de Légua raiou
Ele é neto de Pedro Angaço, filho de Légua Boji
Na coroa de seu pai
Ele viu a canoa virar, ele viu (bis)
Para D. Mariana
No rio Negro os mururus viraram flores
Na mata virgem o sabiá cantou
Ela é a cabocla Mariana
A bela turca que aqui raiou
Outro:
Lá fora tem dois navios, na praia tem dois faróis
É a esquadra da marinha brasileira, Mariana!
Lá na praia dos Lençóis
Para D. Sebastião:
Ê rei, ê rei, rei Sebastião
Se desecantar Lençol
Vai abaixo o Maranhão
Rei Sebastião, guerreiro militar (bis):
É Xapanã ele é pai de terreiro
Ele é guerreiro da coroa Imperial
Ele vem descendo da cidade de areia:
Dessa cidade dos portais do maranhão
Ô Maranhão, ô Maranhão
Todos são filhos de Rei Sebastião
Para S. João da Mata
Sou caboclo da bandeira, da folha do ariri
Sou caboclo da bandeira, pedra de Itacolomi
Sou caboclo da bandeira, João da Mata falado...
De encerramento para Voduns:
Levara vodum idô
Acuntirê é de aladónon
Levara, levara, lebara, dadá missô
De encerramento para Gentilheiros e Caboclos:
Azakerê, kerê ô levara vodum
Azakerê, kerê ô levara vodum
Há festas especiais para voduns, gentis e caboclos, sendo que de acordo com o desenvolver do culto mudam-se os toques e os cânticos também, dependendo da família ou linha de entidades que se queira homenagear. Contudo os voduns não são celebrados juntamente com gentis ou caboclos, a festa destes ocorre separadamente, com toques especiais em língua jeje ou nagô, isto é, num jeje(fon) intraduzível, deturpado naturalmente no decorrer de séculos, o que torna na maioria das vezes imprecisa sua origem, isto se deve também ao fato de que o tambor-de-mina, com exceção da Casa das Minas, ser um mixto de elementos nagôs (yourubás), jeje (ewe-fon), fanti-ashanti, ketu, cambinda (angola-congo), indígenas e europeus(catolicismo romano). Por essa riqueza cultural e pelo próprio sincretismo presente no culto fica difícil separar Tambor-de-Mina e Encantaria, Terecô ou Tambor da Mata já que muitas casas de culto se dedicam a todas essas vertentes similares e intrínsecas. Entretanto, o que de fato vem descaracterizando o tambor de mina, é a influência direta ou indireta de denominações não originárias do Maranhão, como a Umbanda e o Candomblé sobre muitos pais e mães-de-santo maranhenses

Culto aos egunguns

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Culto aos Egungun)
Culto aos Egungun Casa branca engenho velho.jpg (trocar foto)
Religiões da África
Religiões afro-brasileiras
Religiões afro-latino-americanas

Princípios Básicos
Deus
Ketu | Olorum | Orixás
Jeje | Mawu | Vodun
Bantu | Nzambi | Nkisi

Templos afro-brasileiros
Babaçuê | Batuque | Cabula
Candomblé | Culto de Ifá
Culto aos Egungun | Quimbanda
Macumba | Omoloko
Tambor-de-Mina | Terecô | Umbanda
Xambá | Xangô do Nordeste
Sincretismo | Confraria

Literatura afro-brasileira
Terminologia
Sacerdotes
Hierarquia

Religiões semelhantes
Religiões Africanas Santeria Palo Arará Lukumí Regla de Ocha Abakuá Obeah


Índice

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[editar] África

O criador de culto dos ancestrais
Segundo a tradição do culto de Egungun, que é originário da África, região de Oyò. O culto de Egungun, é exclusivo de homens, sendo Alápini o cargo mais elevado dentro do culto tendo como auxiliares os Ojés.
Todo integrante do culto de Egungun é chamado de Mariwô.
Xangô (Sòngó), é o fundador do culto aos Egungun, somente ele tem o poder de controlá-los, como diz um trecho de um Itan:
"Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Xangô a frente, as Iyami-Ajé fizeram roupas iguais as de Egungun, vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos correram mas Xangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando os supostos espíritos. As Iyami ficaram furiosas com Xangô e juraram vingança, em um certo momento em que Xangô estava distraido atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Iyami-Ajé atacaram, derrubaram a Adubaiyni filha de Xangô que ele mais adorava. Xangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino que até então era muito próspero, foi até Orunmilà, que lhe disse que Iyami é que havia matado sua filha, Xangô quiz saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilà lhe disse para fazer oferendas ao Orixá Ikú (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos, assim Xangô fez, seguindo a risca os preceitos de Orunmilà.
Xangô conseguiu rever sua filha e pegou para sí o controle absoluto dos Egungun (ancestrais), estando agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Egungun, e se tornando extremamente proibida a participação de mulheres neste culto, provocando a ira de Olorun, Xangô, Ikú e os próprios Egungun, este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais as Iyami".

[editar] Brasil

Culto aos Egungun é uma das mais importantes instituições, tem por finalidade preservar e assegurar a continuidade do processo civilizatório africano no Brasil, é o culto aos ancestrais masculinos, originário de Oyo, capital do império Nagô, que foi implantado no Brasil no início do século XIX.
O culto principal aos Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados.
Quanto ao aspecto físico, um terreiro de Egungun ou Egun apresenta basicamente as seguintes unidade:
  • um espaço público, que pode ser freqüentado por qualquer pessoa, e que se localiza numa parte do barracão de festas;
  • uma outra parte desse salão, onde só podem ficar e transitar os iniciadores, e para onde os Egun vêm quando são chamados, para se mostrar publicamente;
  • uma área aberta, situada entre o barracão e o Ilê Igbalé (ou Ilê Awô - a casa do segredo), onde também se encontra um montículo de terra preparado e consagrado, que é o assentamento de Onilé;
  • um espaço privado ao qual só têm acesso os iniciados da mais alta hierarquia, onde fica o Ilê Awô, com os assentamentos coletivo, e onde se guardam todos os instrumentos e paramentos rituais, como os Isan pronuncia-se (ixan), longas varas com as quais os Ojé invocam (batendo no chão) e controlam os Egungun.

[editar] História

O Culto à Egun ou Egungun veio da África junto com os Orixás trazidos pelos escravos. Era um culto muito fechado, secreto mesmo, mais que o dos Orixás por cultuarem os mortos.
A primeira referência do Culto de Egun no Brasil segundo Juana Elbein dos Santos foram duas linhas escritas por Nina Rodrigues, refere-se a 1896, mas existem evidências de terreiros de Egun fundados por africanos no começo do século XIX.
Os Terreiros de Egun mais famosos foram:
  • Terreiro de Vera Cruz, fundado +/- 1820 por um africano chamado Tio Serafim, em Vera Cruz, Ilha de Itaparica. Ele trouxe da África o Egun de seu pai, invocado até hoje como Egun Okulelê, faleceu com mais de cem anos.
  • Terreiro de Mocambo, fundado +/- 1830 por um africano chamado Marcos-o-Velho para distingui-lo do seu filho, na plantação de Mocambo, Ilha de Itaparica. Teria comprado sua carta de alforria, anos mais tarde teria voltado à África junto com seu filho Marcos Teodoro Pimentel conhecido como Tio Marcos, lá permanecendo por muitos anos aperfeiçoando seus conhecimentos litúrgicos, onde também seu filho foi iniciado. Quando voltaram trouxeram com eles o assento do Baba Olukotun, considerado o Olori Egun, o ancestre primordial da nação nagô.
  • Terreiro de Encarnação, fundado +/- 1840 por um filho do Tio Serafim, chamado João-Dois-Metros por causa de sua altura, no povoado de Encarnação. Foi nesse terreiro que se invocou pela primeira vez no Brasil o Egun Baba Agboula, um dos patriarcas do povo Nagô.
  • Terreiro de Tuntun, fundado +/- 1850 pelo filho de Marcos-o-Velho, chamado Tio Marcos, num velho povoado de africanos denominado Tuntun, Ilha de Itaparica. Marcos possuiu o título de Alapini, Ipekun Ojé, Sacerdote Supremo do Culto aos Egungun, na tradição histórica Nagô, o Alapini representa os terreiros de Egun ao afin, palácio real.
Tio Marcos, Alapini, faleceu por volta de 1935, e com sua morte desapareceu o terreiro do Tuntun, porém a tradição do culto a Baba Olokotun continuou através de seu sobrinho Arsênio Ferreira dos Santos, que possuia o título de Alagba, este migrou para o Rio de Janeiro levando o assento de Baba Olokotun para o município de São Gonçalo. Depois do falecimento de Arsênio, os assentos dos Baba retornaram para Bahia, através do atual Alapini, Deoscoredes M. dos Santos, conhecido como Mestre Didi Axipá, presidente da Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá. Mestre Didi foi iniciado na tradição do culto aos Egungun por Marcos e Arsênio.
  • Terreiro do Corta-Braço, na Estrada das Boiadas, ponto de reunião de praticantes da capoeira, atualmente bairro da Liberdade, cujo chefe era um africano conhecido como Tio Opê. Um dos Ojé, sacerdotes do culto aos Egungun, conhecido como João Boa Fama, iniciou alguns jovens na Ilha de Itaparica, que se juntariam com os descendentes de Tio Serafim e Tio Marcos para fundarem o Ilê Agboulá, no bairro Vermelho, próximo à Ponta de Areia.
Outros terreiros de Egungun foram registrados no final do século XIX, um localizado em Quitandinha do Capim, que cultuava os Egun Olu-Apelê e Olojá Orum, o de Tio Agostinho, em Matatu que se tornou ponto de concentração de vários Ojés de outras casas inclusive o Alapini Tio Marcos, o Terreiro da Preguiça, ao lado da Igreja da Conceição da Praia.
  • Ilê Babá Agboulá, Localizado em Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica, o Ilê Agboulá é, hoje, no Brasil, um dos poucos lugares dedicados exclusivamente ao culto dos Egun. Sua fundação remonta ao primeiro quarto do século XX por Eduardo Daniel de Paula, Tio Opê, Tio Serafim e Tio Marcos, mas a comunidade que lhe deu origem e que lhe mantém os fundamentos está estabelecida na Ilha, como já vimos há cerca de duzentos anos.

[editar] Hierarquia

Nas casas de Egungun a hierarquia é patriarcal, só homens podem ser iniciados no cargo de Ojé ou Babá Ojé como são chamados, essa hierarquia é muito rígida, apesar de existirem cargos femininos para outras funções, uma mulher jamais será iniciada para esse cargo.
Masculinos: Alapini (Sacerdote Supremo, Chefe dos alagbás), Alagbá (Chefe de um terreiro), Atokun (guia de Egum), Ojê agbá (ojê ancião), Ojê (iniciado com ritos completos), Amuixan (iniciado com ritos incompletos), Alagbê (tocador de atabaque). Alguns oiê dos ojê agbá: Baxorun, Ojê ladê, Exorun, Faboun, Ojé labi, Alaran, Ojenira, Akere, Ogogo, Olopondá.
Femininos: Iyalode (responde pelo grupo feminino perante os homens), Iyá egbé (cabeça de todas as mulheres), Iyá monde (comanda as ató e fala com os Babá), Iyá erelu (cabeça das cantadoras), erelu (cantadora), Iyá agan (recruta e ensina as ató), ató (adoradora de Egun). Outros oiê: Iyale alabá, Iyá kekere, Iyá monyoyó, Iyá elemaxó, Iyá moro.

[editar] Ritual

Tanto a tradição Nagô como a Jeje e a Congo-Angola cultuam os ancestrais. Para os Nagôs existem no Brasil três formas de cultuar os ancestrais, os Esa, os Egungun e as Iya-mi Agba.
Os terreiros de Candomblé possuem um local apropriado de adoração do espírito de seus mortos ilustres, esse local é denominado de Ilê ibo iku, casa de adoração aos mortos, enfim todos iniciados no culto aos Orixás.
Os Esa são considerados os ancestrais coletivos dos afro-brasileiros. Seu culto se refere à comunidade em geral. O que destaca o Esa é o fato dele ter-se destacado em vida por servir a comunidade e de continuar atuando em outro plano, contribuindo para o bom desenvolvimento do destino dos fiéis e da casa. O Ilê ibo aku onde são assentados e cultuados os Esa é afastado do templo onde são cultuados os Orixás.
Os sacerdotes que são iniciados especialmente para cuidar do Ilê ibo aku não são adoxu, isso é, não manifestam Orixá. Os ancestrais cultuados no Ilê ibo aku são diferentes dos cultuados no Culto aos Egungun, no primeiro são os espíritos dos falecidos da casa de Candomblé e o segundo são os ara-orun em geral e aos espíritos dos Ojé africanos ou brasileiros.
Os Esa são invocados e cultuados em diversas situações, especialmente no padê, e no axexê quando é constituído o assentamento de um adoxu ou dignitário ilustre falecido. O assento de Esa se caracteriza pela representação da existência genérica, e o Egungun pela representação do espírito individualizado, o Egungun se caracteriza pela aparição no aiyê. Os Esa e os Egun são invocados no padê.

 Calendário Litúrgico

Calendário Litúrgico do Ilê Agboulá (obtido do Projeto Egungun)
As festas e obrigações obedecem, no Ilê Agboulá, a um bem elaborado calendário litúrgico. E durante essas festas podem ocorrer rituais não periódicos e não obrigatoriamente integrados no calendário, como iniciação de novos Amuixan ou de novos Ojé, ou mesmo obrigações e oferendas de outros titulados da comunidade. Mas o calendário, mesmo, obedece ao seguinte:
Janeiro - Em janeiro, por ocasião do Ano Novo, as obrigações transcorrem até o dia nove. Esses rituais começam com uma obrigação para Onilê seguida de outra para Babá Olukotun. Junto com esta são celebradas as cerimônias anuais em homenagem a Babá Alapalá e Babá Ologbojô.
Fevereiro - em fevereiro, começando no dia 2 e se estendendo por duas semanas, ocorre uma festa muito especial, principalmente porque a comunidade de Itaparica vive do mar e para o mar. É a festa de Yemanjá e Oxum, orixás das águas, e de Oxalá, o orixá da criação.
Junho - em junho, na época do São João, realiza-se as festas de Babá Erin, que é o Egungun do Sr. Eduardo Daniel de Paula, fundador da Casa. As festas se realizam por ocasião do ciclo de Xangô, que era o orixá do Sr. Eduardo. E atingem grande brilhantismo porque entre a comunidade do Ilê Agboulá, que é descendente do povo de Oyó, a veneração a Xangô é muito forte.
Setembro - De 7 a 17 de setembro ocorrem as festas de Babá Agboulá. Por essa época é que é feita a colheita dos primeiros frutos na Ilha de Itaparica, sob a proteção de Babá. E isto é muito importante pelo fato de até bem pouco tempo a Ilha de Itaparica ter sido o grande fornecedor de frutas para a cidade de Salvador.

Umbanda

Umbanda Simbulo da umbanda2.jpg Símbolo da Umbanda Sagrada
Hino da Umbanda Religiões afro-brasileiras

Princípios Básicos
Deus
Ketu | Olorum | Orixás
Jeje | Mawu | Vodun
Bantu | Nzambi | Nkisi

Templos afro-brasileiros
Babaçuê | Batuque | Cabula
Candomblé | Culto de Ifá
Culto aos Egungun | Quimbanda
Macumba | Omoloko
Tambor-de-Mina | Terecô | Umbanda
Xambá | Xangô do Nordeste
Sincretismo | Confraria

Literatura afro-brasileira
Terminologia
Sacerdotes
Hierarquia

Religiões semelhantes
Religiões Africanas Santeria Palo Arará Lukumí Regla de Ocha Abakuá Obeah

Umbanda é uma religião formada dentro da cultura religiosa brasileira que sincretiza vários elementos, inclusive de outras religiões como o catolicismo, o espiritismo, as religiões afro-brasileiras e a religiosidade indígena. A palavra umbanda deriva de m'banda, que em quimbundo significa "sacerdote" ou "curandeiro" (macumba).[1]
Os conceitos aqui relatados podem diferir em alguns tópicos por se tratar de uma visão generalista e enciclopédica. Por se tratar de um conjunto religioso com várias ramificações, as informações aqui expostas buscam informar aos leitores da forma mais abrangente possível e sem discriminação ou preconceitos, pois todas as "umbandas" têm suas razões de existir e de serem cultuadas.

Índice

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 Estrutura

 História

As raízes da umbanda são difusas. Segundo os umbandistas, ela foi criada em 1908 pelo Médium Zélio Fernandino de Moraes, sob a influência do Caboclo das Sete Encruzilhadas.[2]
Antes disso, já havia, de fato, o trabalho de guias (pretos-velhos, caboclos, crianças), assim como religiões ou simples manifestações religiosas espontâneas cujos rituais envolviam incorporações e o louvor aos orixás. Entretanto, foi através de Zélio que organizou-se uma religião com rituais e contornos bem definidos à qual deu-se o nome de umbanda.
Nesta época, não havia liberdade religiosa. Todas as religiões que apontavam semelhanças com rituais afros eram perseguidas, os terreiros destruídos e os praticantes presos.
Em 1945, José Álvares Pessoa, dirigente de uma das sete casas de umbanda fundadas inicialmente pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, obteve junto ao Congresso Nacional a legalização da prática da umbanda.
A partir dai, muitas tendas cujos rituais não seguiam o recomendado pelo fundador da religião, passaram a dizer-se espíritas, de forma a fugir da perseguição policial. Foi aí que a religião começou a perder seus contornos bem definidos e a misturar-se com outros tipos de manifestações religiosas. De tal forma que hoje a umbanda genuína é praticada em pouquíssimas casas.[3]
Hoje, existem diversas ramificações onde podemos encontrar influências que utilizam a palavra umbanda, como as indígenas (Umbanda de Caboclo), as africanas (Umbandomblé, Umbanda traçada) e diversas outras de cunho esotérico (Umbanda Esotérica, Umbanda Iniciática). Existe também a "Umbanda popular", onde encontraremos um pouco de cada coisa ou um cadinho de cada ancestralidade, onde o sincretismo (associação de santos católicos aos orixás africanos) é muito comum.

Fundamentos

Os fundamentos da umbanda variam conforme a vertente que a pratique.
Existem alguns conceitos básicos que são encontrados na maioria das casas e assim podem, com certa ressalva e cuidado, ser generalizados para todas as formas de umbanda. São eles:
  • A existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo, chamado Zambi. Algumas das entidades, quando incorporadas, podem nomeá-lo de outra forma, como por exemplo Tupã para caboclos, entre outros, mas são todos o mesmo Deus;
  • A obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como: fraternidade, caridade e respeito ao próximo. Sendo a caridade uma máxima encontrada em todas as manifestações existentes;
  • O culto aos orixás como manifestações divinas (alguns umbandistas cultuam a chamada umbanda branca ,esta no entanto não cultua os orixás, sendo unicamente voltada ao culto de caboclos, pretos velhos e crianças), em que cada orixá controla e se confunde com um elemento da natureza do planeta ou da própria personalidade humana, em suas necessidades e construções de vida e sobrevivência;
  • A manifestação dos Guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns ou "aparelhos", também chamdos de "cavalos";
  • O mediunismo como forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, manifesta de diferentes formas;
  • Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa de forma variada e diferenciada, mas que existe para nortear os trabalhos de cada terreiro;
  • A crença na imortalidade da alma;
  • A crença na reencarnação e nas leis cármicas;

 Um Deus único e superior

Deus, em sua benevolência e em sua força emana de si e através dos orixás e dos guias (espíritos desencarnados) seu amor, auxiliando os homens em sua caminhada para a elevação espiritual e intelectual.

 Orixás

Os orixás são manifestações do Grande Deus Olorum. Orisha é uma palavra yoruba para designar um ser sobre-humano, ou um deus.[4] Todo o universo surge de Olorum através das radiações que são individualizadas e personificadas em orixás. Essas radiações são personificadas de formas diferentes nos diversos terreiros - depende da influência histórica que cada um sofreu. A radiação (vibração da água) pode ser relacionada apenas a Iemanjá, mas pode ser subdividida em Oxum: água doce, Nanã: pântano e Iemanjá: mares. Ocorre semelhante com Ossain e Oxóssi.
Muitos escritores da umbanda relacionam as Sete Linhas aos Orixás, outros preferem relacionar as Sete Linhas com as vibrações e não diretamente a orixás, já que eles são mais de sete.
Quando começou o tráfico de escravos, muitos negros de tribos diferentes foram vendidos juntamente, desta maneira os diversas orixás de tribos distantes se encontraram em terras brasileiras e formaram o grande panteão do Candomblé. Notadamente a nação que mais influenciou foi a Iorubá.
Nesta visão ainda própria dos ritos tribais, o orixá era um ancestral que todos tinham em comum. Geralmente era considerado como o próprio fundador da tribo e deixava grande influência por suas características incomuns de liderança, poderes espirituais e grande habilidade de caça. A tribo tinha no orixá um símbolo da união, pois todos eram filhos diretamente desse grande ancestral; com isso surge o termo Orixá histórico - realmente um rei, rainha, feiticeiro, guerreiro que existiu.
No nascimento do Candomblé, os homens passaram a ser filhos espirituais dos orixás, pois a relação de ancestralidade que existia na tribo não se confirmava mais na nova realidade da América. A partir da umbanda se configura a uma nova visão: o Orixá Cósmico. O orixá, pela cosmogonia umbandista, nunca viveu na terra, ele é muito mais que o espírito desencarnado de um homem; Toda criação é o resultado do trabalho harmônico dos orixás, espíritos elevadíssimos, verdadeiros arquitetos e mantenedores da criação. [5]

 Sincretismo

A umbanda é uma junção de elementos africanos (orixás e culto aos antepassados), indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), Catolicismo (o europeu, que trouxe o cristianismo e seus santos que foram sincretizados pelos Negros Africanos), Espiritismo(fundamentos espíritas, reencarnação, lei do karma, progresso espiritual etc).
A umbanda prega a existência pacífica e o respeito ao ser humano, à natureza e a Deus. Respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião. Em decorrência de suas raízes, a umbanda tem um caráter eminentemente pluralista, compreende a diversidade e valoriza as diferenças. Não há dogmas ou liturgia universalmente adotadas entre os praticantes, o que permite uma ampla liberdade de manifestação da crença e diversas formas válidas de culto.
A máxima dentro da umbanda é "Dê de graça, o que de graça recebestes: com amor, humildade, caridade e fé".
Mantém-se na umbanda o sincretismo religioso com o catolicismo e os seus santos, assim como no antigo Candomblé dos escravos, por uma questão de tradição, pois antigamente fazia-se necessário como uma forma de tornar aceito o culto afro-brasileiro sem que fosse visto como algo estranho e desconhecido, e, portanto, perseguido e combatido.
Há discordância sobre as cores votivas de cada orixá conforme o local do Brasil e a tradição seguida por seus seguidores. Da mesma forma quanto ao Santo sincretizado a cada orixá.
Alguns exemplos:

 O culto umbandista

A umbanda tem como lugar de culto o templo, terreiro ou Centro, que é o local onde os Umbandistas se encontram para realização do culto aos orixás e dos seus guias, que na umbanda se denominam giras.
O chefe do culto no Centro é o pai ou mãe de santo. São os médiuns mais experientes e com maior conhecimento, normalmente fundadores do terreiro. São quem coordenam os cultos/giras e que irão incorporar o guia-chefe, que comandará a espiritualidade e a materialidade durante os trabalhos.
Como uma religião espiritualista, a ligação entre os encarnados e os desencarnados se faz por meio dos médiuns.
Na umbanda existem várias classes de médiuns, de acordo com o tipo de mediunidade.
Normalmente há os médiuns de incorporação, que irão "emprestar" seus corpos para os guias e para os orixás.
Há também os atabaqueiros, que transmitem a vibração da espiritualidade superior por via dos atabaques, criando um campo energético favorável à atração de determinados espíritos, sendo muitas vezes responsáveis pela harmonia da gira.
Há os Corimbas, que são os que comandam os cânticos e as cambonas que são encarregadas de atender as entidades, provisionando todo o material necessário para a realização dos trabalhos.
Embora caiba ao sacerdote ou à sacerdotisa responsável o comando vibratório do rito, grande importância é dada à cooperação, ao trabalho coletivo de toda a corrente mediúnica.
Segundo a umbanda, as entidades que são incorporadas pelos médiuns podem ser pretos-velhos, caboclos, boiadeiros, mineiros, crianças, marinheiros, ciganos, baianos, orientais, xamãs e exus.

 As sessões de Umbanda

O culto nos terreiros é dividido em sessões de desenvolvimento e de consulta, e essas, são subdivididas em giras.
Nas sessões de consulta, onde comumente podemos encontrar Pretos-Velhos, Caboclos, Ciganos… As pessoas conversam com as entidades a fim de obter ajuda e conselhos para suas vidas, curas, descarregos, e para resolver problemas espirituais diversos.
As ocorrências mais comuns nessas sessões são o "passe" e o descarrego.
No passe, a entidade reorganiza o campo energético astral da pessoa, energizando-a e retirando toda a parte fluídica negativa que nela possa estar.
O descarrego é feito com o auxílio de um médium, o qual irá captar a energia negativa da pessoa e a transferir para os assentamentos ou fundamentos do terreiro que contém elementos dissipadores dessas energias. Também a entidade faz com que essa energia seja deslocada para o astral. Caso seja um obsessor, o espírito obsediador é retirado e encaminhado para tratamento ou para um lugar mais adequado no astral inferior caso ele não aceite a luz que lhe é dada. Nesses casos pode ser necessária a presença de um ou mais Exus (um gênero de espírito desencarnado) para auxiliar a desobsessão.
Nos dias de consulta há o atendimento da assistência e nos dias de desenvolvimento há as giras médiunicas, que são fechadas à assistência, onde os sacerdotes educam e ensinam os mecanismos próprios da mediunidade.

 Médiuns

Médium é toda pessoa que, segundo a Doutrina Espírita, tem a capacidade de se comunicar com entidades desencarnadas ou espíritos, seja pela mecânica da incorporação, pela vidência (ver), pela audiência (ouvir) ou pela psicografia (escrever movido pela influência de espíritos).
A umbanda crê que o médium tem o compromisso de servir como um instrumento de guias ou entidades espirituais superiores. Para tanto, deve se preparar através do estudo, desenvolvendo a sua mediunidade, sempre prezando a elevação moral e espiritual, a aprendizagem conceitual e prática da umbanda, respeitar os guias e orixás; ter assiduidade e compromisso com sua casa, ter caridade em seu coração, amor e fé em sua mente e espírito, e saber que a umbanda é uma prática que deve ser vivenciada no dia-a-dia, e não apenas no terreiro.
Uma das regras básicas da umbanda é que a mediunidade não deve ser vista ou vivenciada vaidosamente como um dom ou poder maior concedido ao médium, mas sim como um compromisso e uma oportunidade que lhe foi dada para resgate kármico e expiação de faltas pregressas antes mesmo da pessoa reencarnar. Por isso não deve ser encarada como um fardo ou como uma forma de ganhar dinheiro, mas como uma oportunidade valiosa para praticar o bem e a caridade.
Existem médiuns que acabam distorcendo o verdadeiro papel que lhes foi dado e se envaidecem, agindo de forma leviana em suas vidas. O médium deve tangir sua vida como sendo um mensageiro de Deus, dos orixás e guias. Ter um comportamento moral e profissional dignos, ser honesto e íntegro em suas atitudes, pois do contrário acaba atraindo forças negativas, obsessores ou espíritos revoltados que vagam pelo mundo espiritual atrás de encarnados desequilibrados que estejam na mesma faixa vibracional que eles. Por isso, desenvolver a mediunidade é um processo que deve ser encarado de forma séria e regido através de um profundo estudo da religião, e seguido por conceitos morais e éticos. Ser orientado e iniciado por uma casa que pratica o bem é essencial.
As pessoas que são médiuns devem levar sempre a sério sua missão, ter muito amor e dar valor ao que fazem, tendo sempre boa-vontade nos trabalhos de seu terreiro e na vida diária.
O médium deve tomar, sempre que necessário, os banhos de descarrego adequados aos seus orixás e guias, estar pontualmente no terreiro com sua roupa sempre limpa, conversar sempre com o chefe espiritual do terreiro quando estiver com alguma dúvida, problema espiritual ou material.
Sobre o estudo da mediunidade e do médium, pode-se utilizar como fonte para estudos a relação que existe abaixo, no item "Literatura Umbandista".
Uma grande parte dos centros ainda utilizam as obras Espíritas (codificadas por Allan Kardec), mas a partir do final da década de 90, houve uma proliferação de doutrinas e literaturas sobre várias formas de Umbanda. Embora ainda não exista uma visão holística sobre a Umbanda como um grande conjunto religioso, uma pequena quantidade de autores já assume essa posição, enquanto uma outra parte ainda se reporta ao que faz, em um nível particular, como sendo a doutrina de Umbanda como um todo.
As Listas de Discussão na internet, as comunidades do Orkut, FaceBook e outros, assim como Fóruns e Blogs também vêm contribuindo para uma divulgação mais coesa da diversidade e da pluralidade existentes na Umbanda, que não é uma propriedade dessa ou daquela vertente, mas um todo que, aos poucos, vai sendo entendido e visualizado como tal.
Em termos de literatura Umbandista, podemos verificar sua existência a partir da década de 1930 do séc. XX.

 As Linhas da Umbanda Sagrada

LinhaSentidoOrixá PositivoOrixá NegativoSentimento
CristalinaOxaláOyáReligiosidade
MineralAmorOxumOxumaréConcepção
VegetalRaciocínioOxossiObáConhecimento
ÍgneaRazãoXangôIansãJustiça
EólicaEquilíbrioOgumEgunitáLei
TelúricaSaberObaluaiêNanãEvolução
AquáticaGeraçãoIemanjáOmuluMaternidade
Atente-se que este panteão é próprio à Umbanda direcionada por Rubens Saraceni, havendo inconsistências em relação a outras escolas. Por exemplo, ao passo que, tradicionalmente, Oyá, Iansã e Egunitá são um mesmo Orixá, o autor o dissocia em três divindades separadas.

 Polêmicas dentro das "umbandas"

Sacrifício ritual de animais

Existem diversas vertentes religiosos dentro da Umbanda, inclusive as que se utilizam do sacrifício animal. Entretanto, devemos lembrar que a maioria das casas Umbandistas, principalmente as baseadas dentro da Doutrina Espírita, abominam tais práticas e exercem para com elas um certo grau de intolerância intra-religiosa.
A questão é que devemos entender o sacrifício como um rito inerente a algumas vertentes, mas não ao todo Umbandista, mas isso não quer dizer que aquelas que o praticam são, de alguma forma, mais ou menos evoluídos no que fazem como Umbanda. Usar esse tipo de justificativa é apenas exercer intolerância onde deveria haver entendimento da diversidade e pluralidade rito-doutrinária Umbandista.
Entendemos que existem vertentes que abominam a ideia do sacrifício ritual, mas isso nunca pode ser encarado como algo inferior, tendo quem não o faz, como sendo superior, pois estariam quebrando uma máxima necessária a qualquer contexto de Umbanda que é a humildade.
Entender o diverente faz parte do processo de evolução, e cada um evolui de maneira distinta do outro. Impor uma vontade e a ela exercer um preconceito, por não fazer isso ou aquilo, só mostra uma falácia evolutiva e não uma evolução de fato.

 Uso de bebidas alcoólicas

Também encontramos terreiros dos seguintes tipos:
  • Os que não fazem o uso destas bebidas pelo fato dos espíritos que trabalham neste terreiro já estarem mais evoluídos intelectualmente e moralmente, não necessitando mais manipular este elemento;
  • Os que as entidades incorporadas não usam bebidas (muitas vezes por questão do próprio médium não estar preparado para este tipo de trabalho com bebida);
  • Os que elas bebem durante os trabalhos (tanto os que fazem o uso correto deste elemento, como os que abusam);
  • Os que usam bebida em situações mais veladas (existindo um certo rigor quanto a sua utilização, buscando coibir abusos de médiuns ainda em preparação).
Toda essa controvérsia é gerada pelo uso que as pessoas fazem das bebidas alcoólicas na vida diária, muitas vezes caindo no vício do alcoolismo, trazendo consequências graves para sua vida material e espiritual.
Ocorre que médiuns predispostos ao vício podem, ao invés de atraírem espíritos de luz, afinizarem-se com espíritos de viciados que já morreram - esses espíritos serão obsessores dessa pessoa, uma vez que ela satisfaz seus desejos materialistas. Note-se que o álcool é um elemento usado na magia para trabalhos para o bem; abusos nunca são tolerados e exibicionismo não são sinais de incorporações de luz.
Existem casas que, por ordem do mentor espiritual, nunca usaram ou deixaram de utilizar o fumo, assim como a bebida alcoólica, sem que por isso, tivessem qualquer problema com as entidades que, por ventura, utilizavam esses elementos. Afinal, os espíritos podem se adaptar e mudar a forma de trabalhar de acordo com o fundamento de cada instituição.
É importante ressaltar, ainda, que quanto menos o espírito utilizar materiais terrenos melhor. Eles podem trabalhar com elementos bastante etéreos e tão eficazes quanto os fluidos do próprio médium.

Paramentos

Na umbanda, os médiuns usam normalmente como paramentos apenas roupas brancas, podendo estar os pés descalços, representando a simplicidade e a humildade.
Mas há umbandas que também utilizam roupas com as cores de cada linha. Por exemplo, em giras de Ogum se utiliza camisas ou batas vermelhas e calças e saias brancas.
Nas giras de esquerda as roupas são pretas, sendo que as filhas de santo podem se vestir de vermelho e preto.
Pode ocorrer, por exemplo, que uma entidade de Preta-velha solicite uma saia ou um lenço para amarrar os cabelos; isso visa a proporcionar que o médium se pareça mais com a entidade que está incorporando.
Também há os apetrechos dos guias. Por exemplo, os Caboclos costumam utilizar cocares, alguns utilizam machadinhas de pedra, chocalhos, etc.
Uma outra visão sobre os paramentos e apetrechos materiais utilizados pelos médiuns é de que são usados pelos espíritos como condensadores de energia: um modo de concentrar a energia e depois enviá-la, se positiva, ou dissipá-la no elemento apropriado, quando negativa.