A palavra “Exu” significa, em ioruba, “esfera”, aquilo que é infinito, que não tem começo nem fim. Exu é o principio de tudo, a força da criação, o nascimento, o equilíbrio negativo do Universo, o que não quer dizer coisa ruim. Exu é a célula mater da geração da vida, o que gera o infinito, infinita vezes.
EXÚ
É considerado o primeiro, o primogênito; responsável e grande mestre dos caminhos; o que permite a passagem o inicio de tudo. Exu é a força natural viva que formenta o crescimento. É o primeiro passo em tudo. É o gerador do que existe, do que existiu e do que ainda vai existir.
Exu está presente, mais que em tudo e todos, na concepção global da existência. É a capacidade dinâmica de tudo que tem vida. Principalmente dos seres humanos que carregam, em seu plexo, o elemento dinâmico denominado Exu.
É aquilo que no candomblé chamamos de Bára, ou seja “no corpo”, preso a ele. É o que nos dá capacidade de agir, andar, refletir, idealizar. Sem o elemento Bára, a vida sadia é impossível. Sem ele, o homem seria excepcional, retardado, impossível de coordenar e determinar suas próprias atitudes e caminhos de vida..
Realmente, Exu está presente em tudo. E damos como exemplo inicial a concepção da geração da vida. O membro ereto do macho tem a presença de Exu- aliás, em terras da África, o membro rijo é o símbolo da vida, o símbolo de Exu - ; a penetração na fêmea, tema a regência de Exu; a ejaculação é coordenada por Exu; o percurso do espermatozóide dentro da fêmea, é regido por Exu; também na fecundação do óvulo Exu está presente. E quando a primeira célula da vida esta formada, a presença de Exu se faz necessária. Já na multiplicação da célula, a regência passa por Oxum, que vai reger o feto até o nascimento.
Exu também está presente no calor, no fogo, na quentura. Presente se faz nos lugares poucos arejados, nos lugares onde existem multidões, nos ambientes fechados e cheios.
Exu está na alteração do ânimo, na discussão, na divergência, no nervosismo. Está presente no medo, no pavor, na falta de controle do ser humano. Também está perto na gargalhada, no riso farto, na alegria incontida. Para nós brasileiros, amantes do futebol, Exu está presente no grito de “gol”, que soltamos de forma feliz e nervosa. É o desprendimento do nervosismo contido no peito.
Exu é a velocidade, a rapidez do deslocamento. É a bagunça generalizada e o silêncio completo. Diz-se que Exu é a contradição. É o sim e o não; o ser e o não ser. Exu é a confusão de idéias que temos. É a invenção, descoberta. Exu é o namoro, é o desejo, é o sentimento de paixão desenfreadas e é também o desprezo. Exu é a voz, o grito, a comunicação. É a indignação e a resignação. É a confusão dos conceitos ba´sico. Aquele que ludibria, engana, e confunde; mas também ajuda, dá caminhos, soluciona. É aquele que traz dor e a felicidade.
Para se ter uma noção do comportamento e da regência paradoxal de Exu, cito um de seus Orikis (versos sarados), que diz;
“ Exu matou um pássaro ontem, com a pedra que jogou hoje”
Assim, pode-se ter uma idéia exata de quem Exu é, como é, e como rege as coisas. Ele esta presente em tudo..... em nada.
Exu esta presente no consumo de substâncias tóxicas, no álcool, na droga, no fumo. Ele é o sólido, o liquido e o gasoso. Está nas conversas de esquinas, de bares, de restaurantes, de praças. Está na aceitação ou recusa de qualquer coisa.
Está presente também nas refeições, pois ele é quem rege o ato de mastigar e engolir. A gula é atributo de Exu. Está no coito, no prazer sexual, na preguiça; mas também está presente na disposição, na energia, sem querer com isso carregar peso, pois Exu não gosta de carregar peso. Outro Oriki fala claramente sobre esta sua particularidade:
“ Xonxô obé, odara kolori erú”
“ A lâmina (sobre a cabeça) é afiada; ele não tem cabeça para carregar fardos”
Exu é tudo isso e mais. Fogo é o seu elemento, mas a Terra e o Ar são bem conhecidos de Exu. É a presença constante!
Mitologia
Exu é filho de Iemanjá e irmão de Ogun e Oxossi. Dos três é o mais agitado, capcioso, inteligente, inventivo, preguiçoso e alegre.É aquele que inventa historias, cria casos e o que tentou violar a própria mãe.
Numa de suas muitas histórias, podemos entender exatamente suas capacidade inventiva, sua conduta maquiavélica e sua maneira pratica de resolver seus assuntos e saciar seus desejos.
Conta-se que dois grandes amigos tinham, cada um deles,um pedaço de terra, dividido por uma cerca. Diariamente os dois iam trabalhar, capinando e revirando a terra, para plantio.Exu, interessado nas terras, fez a proposta para adquiri-las, o que foi negado pelos agricultores. Aborrecido, mas determinado a possuir aqueles dois terrenos, Exu procurou agir. Colocou na cerca um boné. De um lado branco, de outro vermelho. Naquela manhã, os amigos lavradores chegaram cedo para trabalhar a terra e viram o boné na cerca. Um deles via o lado branco e outro o lado vermelho.
Em dado momento, um dos amigos pergunto: - “O que este boné branco faz em minha cerca?” Ao que o outro retrucou: - “Branco? Mas, o boné é vermelho!”
- Não, não, amigo. O boné é branco, como algodão!
- Não, não é mesmo! É vermelho como o sangue!
- Não sei como você pode ver vermelho, se é branco, está louco?
- Não, o louco é você, que vê branco, se a coisa é vermelha!
Bem, daí desencadeou-se a maior discussão, até chegarem à luta corporal. E com as mesmas ferramentas de trabalho, mataram-se.
Exu, que de longe assistiu a tudo, esperando o desfecho já imaginado por ele, aproximou-se e assumiu a posse das terras, não sem antes fazer um comentário, bem ao seu estilo:
- Mas que gentes confusas, que não consegue solucionar problemas tão simples!
Esse é o tipo de Exu!
Não quero passar a impressão de que se trata de uma coisa ruim, má, mas Exu é nosso próprio interior, é a nossa intimidade, o nosso poder de ser bom ou mau, de acordo, com nossa própria vontade. Exu é o ponto mais obscuro do ser humano e é, ao mesmo tempo, aquilo que existe de mais óbvio e claro.
Assim é Exu, Senhor dos caminhos, pai da verdade e da mentira. O Deus da contradição, do calor, das estradas, do princípio ativo de vida. O mestre de tudo... e nada!
Dados
Dia: Segunda Feira
Data: Não existe especificamente, pois todos os dias são de Exu.
Metal: Não tem, sua matéria é a terra, pois nasceu da terra em forma de pênis.
Cor: Preto e Vermelho
Partes do Corpo: Sensações de sede e de fome, cavidade do Ori (cabeça), cavidade do útero, atividade sexual (não da atividade procriadora, da fecundação, pois ele é o resultado, o descendente), placenta fecundada, os pés (bola dos pés), uma parte do fígado (a outra é de Oya).
Comida: Sangue de bode, galos, galinhas, farofa de azeite de dendê, carnes mal passadas, pimenta e bebidas alcoólicas.
Arquétipos: magros, altos, sorridentes, extrovertidos demais, alegres, ambiciosos, com fé na vida, esperançosos para melhorar, positivo.
Símbolos: Ogo (bastão cheio de tranças de palha numa ponta com cabaças dependuradas, nas quais ele traz suas bebidas. O Ogo é todo enfeitado de búzios).
Para Exu, tudo começa e termina numa encruzilhada. Pois ele tem seu domínio dentro das encruzilhadas do mundo; por isso ele é o Senhor das Trevas, do Fogo.
Nos cultos afro-brasileiros, Exu tem diversos nomes, que variam de acordo com a origem que ele irradia seu poder mágico, dentro do Rito Cabalístico onde foi chamado, de acordo com o Culto ou Nação Afro.
Exus são agentes mágicos universais, são Elemins decaídos do paraíso celestial. Suas falanges são de forças primitivas, primárias de grande poder.
Exu não faz o mal, porém é quem domina totalmente o mal, e quando a pessoa deseja o mal, ao seu semelhante, Exu encarrega os espíritos estacionários das trevas para executar grandes perturbações no plano físico e espiritual, dos que tem a aura aberta, e por isso sujeitos à tudo receberem.
. Esses espíritos são chamados também de Exus, eles não são evolutivos e sim estacionários; porém dão influência à tudo que vive estacionário, têm vida, e embora não evoluam, existem para garantir a sobrevivência da matéria, que são as plantas, a chuva, os ventos, os trovões, etc.
Da natureza, Exu absorve a força etérea, e a irradia para onde for determinada: Positiva e/ou Negativa.
Os Kiumbas, também estão eles sob o domínio de Exu. Os Kiumbas são espíritos atrasados, também estacionários, porém com possibilidades de se tornarem evolutivos.
Por que existe o mal? Porque existem poderes paralelos, e já que podemos ser acobertados pelo poder do bem ou pelo do mal, sabemos exatamente que vai depender de nossos princípios, ações e reações (nosso livre arbítrio) perante à Deus (Zâmbi), Senhor absoluto de todo o Universo.
E nisto então chegamos à conclusão de que Oxalá representa a força suprema do Bem e Zumbi a do Mal, tendo ambos as forças antagônicas e necessárias para julgar nossos atos.
E A MAGIA???
A magia não tem cor; não é branca nem negra, ela simplesmente obedece às irradiações das cores nos Rituais Cabalísticos, positiva ou negativa, apenas pode ser dirigida para o bem ou para o mal, contudo não existe nenhuma religião, nenhum culto do mal; o que existem são criaturas perversas que buscam no mal, os meios para saciar a fúria de suas vinganças, por intermédio dos condutores que sabem manipular essas forças a que chamam de Magia.
Entretanto, o operador quase sempre não é o responsável na manipulação dessas forças, pois ele é consagrado para ser o intermediário entre esses dois pólos. Quem manda fazer o mal é que recebe o choque de retorno.
Contudo examinemos esse aspecto: Exu sendo o agente mágico, é dono do mal. O operador, apenas o intermediário.
Exu sendo o dono do mal, dirige para onde for atraída as forças de sua irradiação, negativa ou positiva. Ambas forças, acham-se eterizadas na natureza, ou seja, em cada pólo da Terra.
Por isso, Exu tanto pode construir como destruir, segundo a sábia manipulação dentro do Ritual Cabalístico.
Exu não perdeu seus poderes que tinha antes de sua queda como Príncipe Celestial, porém apenas perdeu sua hierarquia, quando desceu para as trevas, por ordem direta do Senhor Deus.
Exu é o rei das trevas, o Maioral do fogo, segundo a vontade de Deus, até o dia em que ele reconheça, Deus, o Absoluto, Todo Poderoso, Senhor de todo o Universo.
Bibliografia:
Tecnologia Ocultista da Umbanda
Tancredo da Silva Pinto
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