segunda-feira, 8 de agosto de 2011

OMULU.......OBALUAÊ




                                                                                                     PAI OMULU  
          
               
           Omulu é o orixá que rege a morte, ou no instante da passagem do plano material para o plano espiritual (desencarne).
          É com tristeza que temos visto o temor dos irmãos umbandistas quando é mencionado o nome do nosso amado Pai Omulu.  E
no entanto descobrimos que este medo é um dos frutos amargos que nos foram legados pelos ancestrais semeadores dos orixás em
solo brasileiro, pois difundiram só os dois extremos do mais caridoso dos orixás, já que Omulu é o guardião divino dos espíritos
caídos.
          O orixá Omulu guarda para Zambi todos os espíritos que fraquejaram durante sua jornada carnal e entregaram-se à vivenciação
de seus vícios emocionais.
          Mas ele não pune ou castiga ninguém, pois estas ações são atributos da Lei Divina, que também não pune ou castiga.  Ela
apenas conduz cada um ao seu devido lugar após o desencarne.  E se alguém semeou ventos, que colha sua tempestade pessoal,
mas amparado pela própria Lei, que o recolhe a um dos sete domínios negativos, todos regidos pelos orixás cósmicos, que são
magneticamente negativos.  E Tatá Omulu é um desses guardiões divinos que consagrou a si e à sua existência, enquanto divindade,
ao amparo dos espíritos caídos perante as leis que dão sustentação a todas as manifestações da vida.
          Esta qualidade divina do nosso amado pai foi interpretada de forma incorreta ou incompleta, e o que definiram no decorrer dos
séculos foi que Tatá Omulu é um dos orixás mais "perigosos" de se lidar, ou um dos mais intolerantes, e isto quando não o descrevem
como implacável nas suas punições.
          Ele, na linha da Geração, que é a sétima linha de Umbanda, forma um par energético, magnético e vibratório com nossa amada
mãe Yemanjá, onde ela gera a vida e ele paralisa os seres que atentam contra os princípios que dão sustentação às manifestações da
vida.
          Em Tatá Omulu descobri o amor de Zambi, pois é por puro amor que uma divindade consagra-se por inteiro ao amparo dos
espíritos caídos.  E foi por amor a nós que ele assumiu a incumbência de nos paralisar em seus domínios, sempre que começássemos
a atentar contra os princípios da vida.
          Enquanto a nossa mãe Iemanjá estimula em nós a geração, o nosso pai Omulu nos paralisa sempre que desvirtuamos os atos
geradores.  Mas esta "geração" não se restringe só à hereditariedade, já que temos muitas faculdades além desta, de fundo sexual. 
Afinal, geramos idéias, projetos, empresas, conhecimentos, inventos, doutrinas, religiosidades, anseios, desejos, angústias,
depressões, fobias, leis, preceitos, princípios, templos, etc. 
          Temos a capacidade de gerar muitas coisas, e se elas estiverem em acordo com os princípios sustentados pela irradiação divina,
que na Umbanda recebe o nome de "linha da Geração" ou "sétima linha de Umbanda", então estamos sob a irradiação da divina mãe
Iemanjá, que nos estimula.
          Mas, se em nossas "gerações", atentarmos contra os princípios da vida codificados como os únicos responsáveis pela sua
multiplicação, então já estaremos sob a irradiação do divino pai Omulu, que nos paralisará e começará a atuar em nossas vidas, pois
deseja preservar-nos e nos defender de nós mesmos, já que sempre que uma ação nossa for prejudicar alguém, antes ela já nos
atingiu, feriu e nos escureceu, colocando-nos em um de seus sombrios domínios.
          Ele é o excelso curador divino pois acolhe em seus domínios todos os espíritos que se feriram quando, por egoísmo, pensaram
que estavam atingindo seus semelhantes.  E, por amor, ele nos dá seu amparo divino até que, sob sua irradiação, nós mesmos
tenhamos nos curado para retomarmos ao caminho reto trilhado por todos os espíritos amantes da vida e multiplicadores de suas
benesses.  Todos somos dotados dessa faculdade, já que todos somos multiplicadores da vida, seja em nós mesmos, através de
nossa sexualidade seja nas idéias, através de nosso raciocínio, assim como geramos muitas coisas que tornam a vida uma verdadeira
dádiva divina.
          Tatá Omulu, em seu pólo positivo, é o curador divino e tanto cura alma ferida quanto nosso corpo doente.  Se orarmos a ele
quando estivermos enfermos ele atuará em nosso corpo energético, nosso magnetismo, campo vibratório e sobre nosso corpo carnal,
e tanto poderá curar-nos quanto nos conduzir a um médico que detectará de imediato a doença e receitaria medicação correta.
          O orixá Omulu atua em todos os seres humanos, independente de qual, seja a sua religião.  Mas esta atuação geral e
planetária processa-se através de, uma faixa vibratória especifica e exclusiva, pois é através dela que fluem as irradiações divinas de
um dos mistérios de Deus, que nominamos de "Mistério da Morte".
          Tatá Omulu, enquanto força cósmica e mistério divino, é a energia que se condensa em torno do fio de prata que une o espírito
e seu corpo físico, e o dissolve no momento do desencarne ou passagem de um plano para o outro.  Neste caso ele não se apresenta
como o espectro da morte coberto com manto e capuz negro, empunhando o alfanje da morte que corta o fio da vida.  Esta descrição
é apenas uma forma simbólica ou estilizada de se descrever a força divina que ceifa a vida na carne.
          Na verdade, a energia que rompe o fio da vida na carne é de cor escura, e tanto pode parti-lo num piscar de olhos quando a
morte é natural e fulminante, como pode ir se condensando em torno dele, envolvendo-o todo até alcançar o espírito, que já entrou em
desarmonia vibratória porque a passagem deve ser lenta, induzindo o ser a aceitar seu desencarne de forma passiva.
          O orixá Omulu atua em todas as religiões e em algumas é nominado de "Anjo da Morte" e em outras de divindade ou "Senhor
dos Mortos".
          No antigo Egito ele foi muito cultuado e difundido e foi dali que partiram sacerdotes que o divulgaram em muitas culturas de
então.  Mas com o advento do Cristianismo seu culto foi desestimulado já que a religião cristã recorre aos termos "anjo" e "arcanjo"
para designar as divindades.  Logo, nada mais lógico do que recorrer ao arquétipo tão temido do "Anjo da Morte", todo coberto de preto
e portando o alfanje da morte, para preencher a lacuna surgida com o ostracismo do orixá ou divindade responsável por este momento
tão delicado na vida dos seres.
          O culto a Tatá Omulu surgiu entre os negros levados como escravos ao antigo Egito, que o identificaram como um orixá e o
adaptaram às suas culturas e religiões.  Com o tempo, ele foi, a partir desse sincretismo, assumindo sua forma definitiva, até que
alcançou o grau de divindade ligada à morte, à medicina e às doenças.  Já em outras regiões da África, este mistério foi assumindo
outras feições e outros orixás semelhantes surgiram, foram cultuados e se humanizaram.  "Humanizar-se" significa que o orixá ou a
divindade assumiu feições humanas, compreensíveis por nós e de mais fácil assimilação e interpretação.
          Tatá Omulu não vibra menos amor por nós do que qualquer um dos outros orixás e está assentado na Coroa Divina, pois é um
dos Tronos de Zambi, o Divino Criador.
          Atotô, meu pai! 


                                                        
                                                                                                                       
OBALUAIÊ

          
                          Obaluaiê é o Orixá que atua na Evolução e seu campo preferencial é aquele que sinaliza as passagens de um nível vibratório ou
estágio da evolução para outro.
          O Orixá Obaluaiê  é o regente do pólo magnético masculino da linha da Evolução, que surge a partir da projeção do Trono
Essencial do Saber ou Trono da Evolução.
          O Trono da Evolução é um dos sete Tronos Essenciais que formam a Coroa Divina regente do planeta, e em sua projeção faz
surgir, na Umbanda, a linha da Evolução, em cujo pólo magnético positivo, masculino e irradiante, está assentado o Orixá Natural
Obaluaiê , e em cujo pólo magnético negativo, feminino e absorvente está assentada a Orixá Nanã Buruquê.  Ambos são Orixás de
magnetismo misto e cuidam das passagens dos estágios evolutivos.
          Ambos são Orixás terra-água (magneticamente, certo?).  Obaluaiê  é ativo no magnetismo telúrico e passivo no magnetismo
aquático.  Nanã é ativa no magnetismo aquático e passiva no magnetismo telúrico.  Mas ambos atuam em total sintonia vibratória,
energética e magnética.  E onde um atua passivamente, o outro atua ativamente.
          Nanã decanta os espíritos que irão reencarnar e Obaluaiê  estabelece o cordão energético que une o espírito ao corpo (feto), que
será recebido no útero materno assim que alcançar o desenvolvimento celular básico (órgãos físicos).
          É o mistério "Obaluaiê " que reduz o corpo plasmático do espírito até que fique do tamanho do corpo carnal alojado no útero
materno.  Nesta redução (que é um mistério de Deus regido por Obaluaiê ), o espírito assume todas as características e feições do
seu novo corpo 
carnal, já formado.
          Muitos associam o divino Obaluaiê  apenas com o Orixá curador, que ele realmente é, pois cura mesmo! Mas Obaluaiê  é muito
mais do que já o descreveram.  Ele é o "Senhor das Passagens" de um plano para outro, de uma dimensão para outra, e mesmo do
espírito para a carne e vice-versa.
          Já seus pólos magnéticos negativos, que são os que aplicam seus aspectos negativos, estes não descreveremos porque a
Umbanda não lida com os aspectos negativos dele.
          Esperamos que os umbandistas deixem de temê-lo e passem a amá-lo e adorá-lo pelo que ele realmente é: um Trono Divino
que cuida da evolução dos seres, das criaturas e das espécies, e que esqueçam as abstrações dos que se apegaram a alguns de seus
aspectos negativos e os usam para assustar seus semelhantes.
          Estes manipuladores dos aspectos negativos do Orixá Obaluaiê  certamente conhecerão os Orixás Cósmicos que lidam com o
negativo dele.  Ao contrário dos tolerantes Exus da Umbanda, estes Obaluaiês Cósmicos são intolerantes com quem invoca os aspectos
negativos do Orixá Maior Obaluaiê  para atingir seus semelhantes.  E o que tem de supostos "pais de Santo" apodrecendo nos seus
pólos magnéticos negativos só porque deram mau uso aos aspectos negativos de Obaluaiê ... Bem, deixemos que eles mesmos
cuidem de suas lepras emocionais.  Certo? 
     
TRECHOS EXTRAÍDOS DO LIVRO "O CÓDIGO DA UMBANDA" DE RUBENS SARACENI; E QUE SE ENCONTRA, TAMBÉM, NO SITE GUARDIÕES DA LUZ.

                                                           
                                                                                                            
FILHOS DE OMULU / OBALUAIÊ

          
Ao senhor da doença é relacionado um arquétipo psicológico derivado de sua postura na dança: se nela Omulu-Obaluaiê
esconde dos espectadores suas chagas, não deixa de mostrar, pelos sofrimentos implícitos em sua postura, a desgraça que o abate. 
No comportamento do dia-a-dia, tal tendência se revela através de um caráter tipicamente masoquista.
          Pierre Verger define os filhos de Omulu como pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitas quando a vida corre
tranqüila para elas.  Podem até atingir situações materiais e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos
escrúpulos imaginários.  São pessoas que, em certos casos, se sentem capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo
completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais.
          No Candomblé, como na Umbanda, tal interpretação pode ser demais restritiva.  A marca mais forte de Omulu-Obaluaiê não é a
exibição de seu sofrimento, mas o convívio com ele.  Ele se manifesta numa tendência autopunitiva muito forte, que tanto pode
revelar-se como uma grande capacidade de somatização de problemas psicológicos (isto é, a transformação de traumas emocionais em
doenças físicas reais), como numa elaboração de rígidos conceitos morais que afastam seus filhos-de-santo do cotidiano, das outras
pessoas em geral e principalmente os prazeres.  Sua insatisfação básica, portanto, não se reservaria contra a vida, mas sim contra si
próprio, uma vez que ele foi estigmatizado pela marca da doença, já em si uma punição.
          Em outra forma de extravasar seu arquétipo, um filho do Orixá , menos negativista, pode apegar-se ao mundo material de
forma sôfrega, como se todos estivessem perigosamente contra ele, como se todas as riquezas lhe fossem negadas, gerando um
comportamento obsessivo em torno da necessidade de enriquecer e ascender socialmente.
          Mesmo assim, um certo toque do recolhimento e da autopunição de Omulu-Obaluaiê serão visíveis em seus casamentos: não
raro se apaixonam por figuras extrovertidas e sensuais (como a indomável Iansã, a envolvente Oxum, o atirado Ogum) que ocupam
naturalmente o centro do palco, reservando ao cônjuge de Omulu-Obaluaiê um papel mais discreto.  Gostam de ver seu amado brilhar,
mas o invejam, e ficam vivendo com muita insegurança, pois julgam o outro, fonte de paixão e interesse de todos.
          As pessoas desse tipo são basicamente solitárias.  Mesmo tendo um grande círculo de amizades, freqüentando o mundo social,
seu comportamento seria superficialmente aberto e intimamente fechado, mantendo um relacionamento superficial com o mundo e
guardando sua intimidade ara si própria.  Não raro são pessoas que julgam.
          Ter características detestáveis, que vivem criticando, motivo de vergonha.  O filho do Orixá oculta sua individualidade com uma
máscara de austeridade, mantendo até uma aura de respeito e de imposição, de certo medo aos outros.  Pela experiência inerente a
um Orixá velho, são pessoas irônicas.  Seus comentários porém não são prolixos e superficiais, mas secos e diretos, o que colabora
para a imagem de terrível que forma de si próprio.
          Um último, mas importante detalhe; em diversas de suas lendas, o Orixá da varíola é apresentado como uma divindade que
perdeu uma perna.  Isso se refletiria em seus filhos como um defeito congênito em uma das pernas ou a tendência a sofrer, durante
sua vida, por um problema de relativa gravidade em seus membros inferiores, a partir de quedas ou desastres que podem ou não ser
curados e ultrapassados. 



                                                                                                                  
UMA LENDA DE OMULU 
                                                    
                
           
          Omulu tinha o rosto muito deformado e a pele cheia de cicatrizes. Por isso, vivia sempre isolado, se escondendo de todos. 
Certo dia, houve uma festa de que todos os Orixás participavam, mas Ogum percebeu que o irmão não tinha vindo dançar.
         Quando lhe disseram que ele tinha vergonha de seu aspecto, Ogum foi ao mato, colheu palha e fez uma capa com que Omulu
se cobriu da cabeça aos pés, tendo então coragem de se aproximar dos outros.  Mas ainda não dançava, pois todos tinham nojo de
 tocá-lo. 
         Apenas Iansã teve coragem; quando dançaram, a ventania levantou a palha e todos viram um rapaz bonito e sadio;e Oxum
ficou morrendo de inveja da irmã.

 




                                                                                                                  
UMA LENDA DE OBALUAIÊ 
                                                    
                
           
          Quando Obaluaiê ficou rapaz, resolveu correr mundo para ganhar a vida.  Partiu vestido com simplicidade e começou a procurar
trabalho, mas nada conseguiu.  Logo começou a passar fome, mas nem uma esmola lhe deram.
         Saindo da cidade, embrenhou-se na mata, onde se alimentava de ervas e caça, tendo por companhia um cão e as serpentes da
terra.  Ficou muito doente.  Por fim, quando achava que ia morrer, Zambi curou as feridas que cobriam seu corpo.
         Agradecido, ele se dedicou à tarefa de viajar pelas aldeias para curar os enfermos e vencer as epidemias que castigaram todos
que lhe negaram auxílio e abrigo.



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